Eu já tinha medo quando Fernando Collor era apenas um mero e reles cidadão, sem mandato eletivo, sem microfones, distante dos holofotes, sem bravatas, sem muitos flashes para mostrar a sua cara contorcida, sem supositórios para enfiar goela abaixo de qualquer Pedro Simon que atravessasse a sua frente.
Sempre tive medo deste homem. Porque me lembro de que elle nunca foi flor que se cheire. Sempre foi louco. E com aquele garbo destemido, com aquela atmosfera de autocracia que embeveceu a sua nuca ele jamais superou o impeachment; a prova é que vez ou outra ainda dá mostras de que sente saudades do Planalto.
Seu irmão, Pedro, marido de Tereza - aquela danada do antigo comercial das Havaianas - meteu-se à besta e morreu com os miolos apodrecidos por um câncer pouco explicado. Seu tesoureiro e homem de confiança, PC Farias - o chacal brasileiro - escafedeu-se crivado de balas. Ulisses Guimarães, que quis confrontá-lo, de seu teco-teco na praia de Angra dos Reis não tivemos mais notícias.
Agora senador da república, Collor já começa a botar novamente as unhas esmaltadas de fora: é presidente da mais importante comissão do Senado - a Comissão de Infra-Estrutura, onde são definidos os destinos do orçamento do PAC; pretende o governo das Alagoas; brigou com uns e com outros e agora virou imortal.
Coube ao presidente da Academia Alagoana de Letras (AAL), bispo Dom Fernando Iório, dizer que o senador e ex-presidente da República foi escolhido para a academia. E justificou: é porque ele tem o "enorme dom da síntese".
Na verdade, Iório utilizou um eufemismo, mas queria mesmo era noticiar que o destrambelhado e histérico senador por Alagoas não havia produzido em sua conturbada vida (salvo alguns parcos discursos) nenhum livro.
Fernando Collor de Mello, que foi eleito na quarta-feira (2), tem posse programada para o mês de outubro. Curioso foi o escore: foram 22 votos a favor e 8 em branco - nenhum contrário (até porque ninguém é doido... quer morrer, macho!?).
"O que eu não tiro da cabeça são os oito pobres coitados que votaram em branco."
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