domingo, 26 de setembro de 2010

Candidato a dep. federal em Vitória diz contar com os apoios de Lula e Barack Obama


O modo de fazer campanha do candidato a deputado federal Davi Preto (PTC) é bastante inusitado. Para chamar a atenção dos eleitores, o afrodescendente surge - muitas vezes do nada, no meio da avenida - trepado num palanque puxado por um trator que traz um pôster que estampa os apoios de Luiz Inácio Lula da Silva e de - nada mais, nada menos - Barack Obama, presidente dos Estados Unidos da América.

Em seu discurso Davizinho promete vencer o Golias da corrupção e da 'safadeza'. Num tom menos empolado, ele afirma que questões como a reforma agrária e a gestão adequada do erário são temas primordiais na geração de emprego e na justa distribuição de renda. Preto narra também, em síntese, a sua duríssima história de menino pobre que, assim como Lula e Obama, é carismático e conquistou emancipação político-social-econômica.

Este blog estabeleceu linha direta com a Casa Branca, a fim de checar junto aos assessores do mandatário ianque se o apoio procede. A primeira-dama, Dona Michelle, não negou o fato. Já o celular de Lula só 'dava' na caixa postal. Contudo, os mais chegados do ex-metalúrgico barbudo foram categóricos quando afirmaram que Davi Pretinho vez ou outra aparece no Palácio da Alvorada para tomar aguardente de cabeça com o presidente.

Em Vitória de Santo Antão, construções irregulares invadem as calçadas


Construções coladas ao muro da caixa d'água da Compesa invadem calçamento

Às vésperas das eleições, a Prefeitura de Vitória de Santo Antão - PE não demonstra nenhum compromisso com o contribuinte. Especialmente em bairros periféricos como o Alto José Leal. Como se não bastasse a ausência inexplicável de esgoto tratado - ao longo de diversas gestões - está em curso, mais acentuadamente agora, uma ação lastimável, porém consentida, de invasão das calçadas por construções irregulares.

No intuito de conquistar a simpatia de eleitores (moradores com seus puxadinhos) a Secretaria de Obras e o sr. prefeito Elias Alves de Lira preferem não comprar briga e fazem vista grossa diante do problema, demonstrando ineficiência, pulso aos frangalhos e a falta de uma política urbana capaz de enfrentar aquilo que podemos chamar de ação típica de vândalos que, 'desavisadamente' promovem o caos em nossa cidade.

Weslian Roriz, a mais nova Amélia de Brasília


Como os valorosos ministros do STF decidiram suspender a proclamação do resultado do julgamento, após o empate em 5 votos a 5, Joaquim Ficha Sebosa Roriz recuou e resolveu lançar sua esposa Weslian ao governo do DF. Joaquim interpôs recurso extraordinário, onde questionava a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que indeferiu o registro de sua candidatura, acusando-o de ser um Ficha Suja, quando fugiu de cassação, líquida e certa, renunciando ao Senado.

Após a manobra, que é legal, embora amoral e ilegítima, Weslian Roriz ainda teve a cara-de-pau de anunciar que, em seu eventual governo, será o marido - Joaquim Limpinho da Silva Roriz (do Partido Social Cristão, PSC) - que continuará mandando. Mas uma coisa é certa, e ninguém pode negar: pela primeira vez a Família Roriz, através da Amélia Matriarca Sujíssima - também da Silva - Roriz, foi honesta. E isso já é alguma coisa para quem se acostumou a fazer o povo de palhaço!

Companhia de Teatro Olhares apresenta o espetáculo 'A feira', no Sesc - Caruaru


Recebi do amigo Benício Jr., dos tempos de Sesc - Caruaru, a seguinte recomendação: A FEIRA, peça montada pela Cia Olhares. Trata-se de espetáculo que enfoca, com fortes cores e ricas nuances, a realidade intrigante do universo de uma feira livre.

Sonhos e ilusões vêm à tona numa avalanche de imagens onde risos e lágrimas caminham de mãos dadas - mentalidade marcante de um povo flagelado.

Com um ritmo frenético inerente a uma feira, a autora Lourdes Ramalho mostra a realidade brasileira misturada às crenças populares, de uma forma polêmica e questionadora.

A montagem dirigida por Francisco Torres e Prazeres Barbosa enfatiza, de forma lírica e às vezes grotesca, o lado humano, político-social e religioso dos que ali estão comprando, vendendo, mendigando, enganando, roubando... Numa luta descomunal pela sobrevivência.

O SNT (Serviço Nacional de Teatro) premiou "A FEIRA" como sendo o melhor texto de teatro, em 1976. A ousadia linguística da autora delineado em "A FEIRA", mostra um retrato vil e provocante de um Brasil petrificado.

Quando e onde? Vixe Maria! Fácil de mais, nego! Lá no meio da Feira, no Teatro Rui Limeira Rosal, no Sesc - Caruaru. Neste mês de setembro. A partir das 20h. Todas as sextas, sábados e domingos.

sábado, 25 de setembro de 2010

Após ter sido pega com cocaína, a patricinha Paris Hilton cumpre dura pena no Havaí


No dia 26 de agosto, Paris Hilton foi presa por posse de drogas. Ela foi julgada na segunda (20) e condenada à liberdade condicional e também a prestar serviços comunitários e pagar uma multa, após ter confessado que a droga encontrada na sua bolsa lhe pertencia, para evitar o prosseguimento do processo que poderia condená-la a até 8 anos de prisão.

No dia seguinte, tomou um avião particular e viajou para o Japão como se nada tivesse acontecido. Os japoneses acharam que muita água havia rolado por debaixo da ponte e lhe fecharam as portas. Depois de ser proibida de entrar na terra do sol nascente, a patricinha desabafou em seu twitter: "Indo para casa agora".

E seguiu para o Havaí.

Tiririca distribui gibi polêmico para crianças em caminhadas em São Paulo


Fonte: Folha On-line (adaptado)

O jornalista Fernando Gallo, que contou com a colaboração de Márcio Diniz, registrou no Folha On-line de hoje que a equipe de campanha de Tiririca está distribuindo um gibi polêmico nas caminhadas em que o humorista faz corpo a corpo com eleitores.

Conforme os repórteres, na publicação, que leva na capa a sigla de seu partido, o PR, cada frase séria com ideias do candidato vem acompanhada de uma piada.

Na página que leva o texto "os idosos, que tanto trabalharam pelo Brasil, não foram esquecidos por Tiririca", o humorista aparece abraçado a um casal de velhinhos e afirma, em um balão: "Essa véia ainda dá um caldo".

A seguir, um outro texto afirma que Tiririca "não faz discriminação" e que, como deputado, "vai lutar por todos: homens, mulheres e gays". Ao lado de um homem, uma mulher e um rapaz que supostamente é gay, ele aparece próximo deste último usando um de seus bordões: "menino lindo!".

Quando promete que "como deputado jamais esconderá a verdade", o palhaço afirma que dará "nome aos bois, sobrenome às vacas e apelido aos bezerros". Ele aparece na sequência carregando um bezerro e chamando-o de "bezerrinho lindo".

Em outra ilustração, em uma sala de aula, alguém pergunta ao "professor Tiririca" se ele era bom aluno. "Eu era cobra", responde. "Sabia tudo?", indaga o aluno. "Não. Passava me arrastando", devolve o palhaço.

De acordo com a reportagem da Folha, que obteve um exemplar do gibi em uma agenda de Tiririca na zona sul de São Paulo, os assessores do candidato distribuíam o material prioritariamente a crianças.

"Criançada, peça pra mamãe e pro papai votar no Tiririca. Pra deputado, vote no abestado", diz um dos textos. O gibi informa que 150 mil exemplares foram impressos. Contudo, PR afirmou desconhecer o material, entretanto disse não "oferecer críticas ou reparos ao material de campanha".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Depois do ônibus de dois andares, agora será a vez do novo Carneirão - o Maracanã do NE

Um novo Maracanã também aqui em Vitória de S. Antão

Depois de jurar de pé junto que a construção de uma nova ponte no bairro Nossa Senhora do Amparo sairá - de uma vez por todas - do papel, e após prometer a revitalização do centro comercial de Vitória de Santo Antão (transformando o Cibrazem em um novo Paço Alfândega), assim como o desassoreamento do rio Tapacurá com vistas à navegação de grandes embarcações...

Depois do ônibus de dois andares para transportar os grandes cérebros da Terra de Mariana Amália até os maiores centros de excelência em educação; depois da implementação do orçamento participativo... já há quem diga, agora, que o prefeito planeje fazer uma surpresinha à população. Dizem que o Amarelinho está virado na gota serena do cachorro doido.

Segundo aqueles que assistem aos seus comícios, o demo pretende contratar a mesma equipe que trabalha na reforma do Maracanã, no Rio. O objetivo é dar um up-grade no estádio Severino Cândido Carneiro, mais conhecido como Carneirão - já pensando na Copa de 2014. (Vai que a Cidade da Copa em São Lourenço da Mata não fique pronta!)

É ou não é um homem de visão?!

sábado, 18 de setembro de 2010

Mera coincidência: promessa de campanha é apresentada a 15 dias das eleições

Foto: Everton Alamberque

Este blog tem a mania de vez ou outra falar de política, sobre política. Não tem nada de imparcial, mas neste instante cumpre o dever de informar que, neste sábado (18), por acaso e, coincidentemente a exatos 15 dias das eleições, o prefeito Elias Lira (DEM), acompanhado de seu vice - o sr. Henrique Filho (PR), expôs a compra de mobiliário escolar e - também - o tão propalado e prometido, em campanha, ônibus de dois andares.

Conforme noticiou - em primeira mão - o blog A Voz da Vitória, do Diretor de Turismo do município, o turismólogo Lissandro Nascimento, o prefeito Elias fez breve pronunciamento em que divulgou ações a serem iniciadas, e citou a reforma da Pça. da Matriz, a construção da ponte do Alto do Amparo, e a obra - a meu ver - mais complexa, mais cara, porém necessária e estruturante: a restauração do centro comercial.

Mais tarde, após a solenidade da Rua Demócrito Cavalcanti - no Paço Municipal, um veículo oficial (pick-up Frontier) da Prefeitura, dirigida por um condutor devidamente uniformizado, abria alas com uma cirene acionada - em pleno sábado - para a passagem do coletivo pelas ruas da cidade. O objetivo era nobre: apresentar à população vitoriense em quê o dinheiro do povo havia sido empregado.

Pelo que este blog sondou, escarafunchando junto a assessores do prefeito, já existe um cronograma pré-estabelecido para o início dos trabalhos, com previsão para a entrega das obras, no mais tardar, a um mês das eleições - em de setembro de 2012. O esforço da equipe do Governo Vitória de Todos se justifica, é que o sr. Elias Lira - guardião da ética - não deseja causar a impressão de que suas ações não passam de atos eleitoreiros.

Mais nem cantando a Florentina!


Eleitor que se presa nunca gostou de político do tipo certinho, que mensura as palavras e prega honestidade. Eleitor que se presa gosta mesmo é de saco de cimento, de tijolos, de dentadura, de cesta básica. Eleitor gosta é de encher o bucho. Um empreguinho, então... pronto: e o candidato - tenha a certeza de que terá ali assegurado votos.

Os engomadinhos estão, cada vez mais, perdendo o jeito de andar. Há, decerto, oportunistas como Joaquim Francisco que na suplência de Humberto Costa ao Senado, busca sobrevivência. Mas Maciel e Jarbas estão com os dias contados. Já Roberto Magalhães, por exemplo, que se despede das disputas eleitorais, este ano, alega descontentamento com a atual processo.

E acho que ele tem razão, mas desconfio que tudo pode não passar de conversa mole. Até porque, foi exatamente este mesmo processo carcomido e velho que, durante décadas, deu a ele, e a outros tantos, prestígio e poder. E sei que apesar de não quererem revelar, em prosa de botequim - lá nos bastidores - confessam: a pedra no sapato mesmo é esse tal de Lula.

Pois é... logo o Lulinha, com aquele ar de galhorfa, revelou-se num algoz implacável. Seu carisma inviabilizou qualquer nome que se contrapôs à candidatura de seu partido, mesmo os nomes de Marina e Serra - notoriamente técnicos, sabidamente probos. E não adianta a oposição falar em aloprados, vociferar que na antessala do mandatário barbudo - a Casa Civil - costuram-se conluios e conchavos.

Não adianta! O eleitor está apaixonado! Ouçam! Receio que pôs na vitrola o disco de Tiririca... e como não é de ferro, agora divaga sem saber que está numa cadeia.

Projeto Tiririca esconde velhas e viciadas práticas do processo eleitoral brasileiro


Alguém já se perguntou por que a Justiça permite candidaturas como a de Tirica? Bem... José Roberto de Toledo, em seu blog, no Estadão, é didático quando explica como os partidos apostam em 'celebridades' ou postulantes cômicos - verdadeiros filões de votos - para angariar números que ajudem a legenda a eleger nomes menos expressivos.

No caso específico de Tiririca, os coligados calculam uma votação maciça com fins pouco nobres: ajudar com os votos excedentes, gente como Valdemar Costa Neto (PR) - envolvido recentemente no escâdalo do mensalão, Ricardo Berzoini (PT) - ex-presidente do PT e o delegado Protógenes Queiroz (PC do B) - punido no caso Satiagraha.

Francisco Everardo Oliveira Silva corre o apetitoso risco de ser o deputado federal mais votado do Brasil, em 3 de outubro. Pouca gente reconhece esse nome, especialmente os 'revoltados' eleitores do palhaço. Mas a tática de Tiririca não é boba nada. Ele aparece em 1º lugar no conjunto de pesquisas do Ibope sobre a eleição para a Câmara.

Se você não tem visto muito televisão nas últimas décadas, ou - no caso específico de quem mora no Nordeste - não tem em sua casa instalada uma antena parabólica, passou incólume por uma propaganda eleitoral que exibe um Tiririca, 45 anos, que lê e escreve, que se auto-define como 'abestado' e tem como slogan "pior que tá num fica, vote Tiririca".

Conforme noticiou o articulista do jornal da Terra da Garoa, não se trata de nenhuma piada. É um projeto político friamente calculado. Oliveira Silva é candidato pelo PR, em coligação que inclui o PT e o PC do B. Prova da seriedade do projeto é que, até o último dia 3, o partido havia investido R$ 594 mil, oficialmente, na campanha do palhaço.

Tiririca é o principal puxador de votos do PR, do PT e do PC do B em São Paulo. Se chegar a 1 milhão de sufrágios, seu excedente de votos elegerá mais 4 ou 5 deputados da coligação, como foi o caso do dr. Enéias - em outros tempos, quando, pelo Prona, levou de carona para a Câmara dos Deputados 5 candidatos, um deles obteve apenas 275 votos.

Para Toledo, o "projeto Tiririca" é um bom retrato do sistema de coligações que impera nas eleições parlamentares brasileiras - uma salada farta de siglas, conexões improváveis, legendas de aluguel, e uma pitada muito pequena de ideologia. Dos 27 partidos que disputam as eleições para a Câmara, apenas 4 (PSTU, PCO, PSOL e PCB) são seletivos.

De acordo com dados levantados pelo Estadão, de todas as unidades federativas onde o Ibope faz seu ranking para a Câmara, SP é onde menos eleitores são capazes de citar um candidato a deputado federal: apenas 12%. Em PE chega a 19%, o que preocupa. Não é de espantar, portanto, que alguém tenha pensado em usar um palhaço como puxador de votos.

Alguns dos candidatos apoiados pelo sr. Lula e pela senhora Rousseff estão na cadeia


O candidato ao Senado pelo Amapá do presidente Lula, da candidata Dilma e do caudilho José Sarney, conquistou - bem antes da vaga na Casa de Rui Barbosa - uma cadeira cativa na cadeia. Alguns outros candidatos, verdadeiros bandidos da coligação e do PT (pelo menos na visão da cúpula da Polícia Federal) continuam soltos.

Nesta foto estampada no site do candidato a governador, vê-se, da esquerda para a direita, Waldez Góes - candidato ao Senado e que está preso, o presidente Lula - que já foi preso, o governador Pedro Dias - que está preso e... finalmente... a senhora Rousseff, mineira refugiada nos Pampas que também curtiu uns aninhos de penitenciária.

domingo, 12 de setembro de 2010

Canção Tive sim, de Cartola em Especial para a TV Cultura, 1974



E para desconversar, nada melhor que a boa poesia de Adélia

Foto: Diomício Gomes

Adélia Prado é mineira. De sorriso doce, não tem nada da Hebe (ao contrário), mas é uma gracinha. Não é de percorrer estradas e pagar pedágios, mas é de fazer seus próprios caminhos. Inventiva e jovem, Adélia é uma das melhores coisas que já aconteceram. Recomendo!

A formalística

O poeta cerebral tomou café sem açúcar
e foi pro gabinete concentrar-se.
Seu lápis é um bisturi
que ele afia na pedra,
na pedra calcinada das palavras,
imagem que elegeu porque ama a dificuldade,
o efeito respeitoso que produz
seu trato com o dicionário.
Faz três horas já que estuma as musas.
O dia arde. Seu prepúcio coça.
Daqui a pouco começam a fosforescer coisas no mato.
A serva de Deus sai de sua cela à noite
e caminha na estrada,

passeia porque Deus quis passear
e ela caminha.
O jovem poeta,
fedendo a suicídio e glória,
rouba de todos nós e nem assina:
‘Deus é impecável’.
As rãs pulam sobressaltadas
e o pelejador não entende,
quer escrever as coisas com as palavras.

Alberto Lima faz análise pessimista sobre a corrida de Marco Maciel, o último samurai


Publicado no dia 08 de setembro, no Blog do Jamildo, o artigo do jornalista Alberto Lima, que vive hoje em Paris, é uma reflexão sobre a trajetória do grande político Marco Maciel - candidato que tenta a re-eleição para o Senado. Achei conveniente compartilhar esta leitura com aqueles que visitam este espaço.

Maciel DEMolido

Marco Maciel tombará. Perderá a primeira eleição da sua vida. Será lapeado pela onda Lula que, longe de ser uma marolinha, é um tsunami que engolfa Pernambuco e promete não deixar de pé qualquer verdadeiro opositor do Governo Federal existente no Estado.

Maciel, justiça se faça, não é opositor. Nunca foi, aliás, opositor a nada na história política do Brasil. Maciel sempre foi poder.

Esteve, no máximo, como hoje: em partido que está na oposição. E, quando nessas circunstâncias, sobrevivia politicamente graças a uma entranhada estrutura orgânica estatal, cujos vasos comunicantes jorravam seiva pública que jamais secava a seres ávidos.

Hoje, o que sobrou dessa estrutura orgânica estatal está velho, retorcido, podre. Parte significativa desse entulho chama-se DEM, onde está Maciel.

O DEM de Maciel está na oposição. Mas não é propriamente um partido. É um ajuntamento de cacarecos fisiológicos saudosos das tetas fartas em que mamavam. É DEM de demeritório, de demi-monde, de demagógico, de demóboro, de démodé.

Marco Maciel é maior do que a sigla a que pertence, tem mais visão que ela. Mas é demissionário da política porque não soube recriar essa turma que trata o Brasil como um feudo e resistiu a mudar quando o país mudou. O DEM é uma versão picaresca de legenda, é um estelionato político, é um nome novo para velhas práticas, uma prostituição alfabética que travestiu o P de D, o F de E e o L de M para diferenciar, sem sucesso, o antigo PFL daquilo que é hoje.

Maciel será vítima da cegueira política do seu bando, da demência dessa gente que perdeu o rumo puramente por inanição de poder.

É certo que, em Pernambuco, já se esperava que a oposição a Lula seria derrotada. Isso já traria prejuízos ao velho Marco, nominado pelo insuspeito periódico Papa-Figo de “verdadeiro Marco Zero de Pernambuco”.

É notório, ainda, que não se acreditava que Jarbas Vasconcelos, governador do Estado por duas vezes, senador de meio mandato, fosse trucidado na campanha ao Palácio das Princesas pelo neto de Arraes, um seu criador, e principalmente pela traição de aliados políticos que lhe foram tão caros, como Sérgio Guerra. Outro ponto desastroso à reeleição de Maciel ao Senado.

Mas, sem dúvida, o que mais prejudica esse canídeo da política pernambucana é o fato de estar agregado à massa amorfa e vazia do DEM, cuja falta de discurso e coerência para representar a oposição vai levá-lo a um desastre eleitoral em outubro próximo que o varrerá do mapa de norte a sul do país.

Marco Maciel começou a campanha em um palanque armado sobre palafitas podres. Hoje, está agarrado a um pau de sebo, a única coisa que restou depois do desabamento da pseudo-estrutura jarbista. Vem em queda livre nas pesquisas desde o início da disputa.

Se Eduardo Campos souber imprimir gás aos últimos dias da corrida eleitoral, gravará no código genético da política pernambucana uma vitória sem precedentes históricos. Esfacelará um inicialmente fortíssimo candidato adversário ao governo e elegerá os dois senadores da sua chapa, arrancando a cadeira de um dos mais significativos ícones do Brasil nos últimos 50 anos.

Sou tentado a crer que, na noite de 3 de outubro de 2010, Eduardo dormirá com um sorriso nos lábios mais espichado do que o que avô dormiu em 86. Porque terá feito melhor do que ele. Não voltou do exílio para derrotar os adversários. Mas derrotará os adversários e os mandará para o exílio.

Na visita de Dudu, Humberto e Armando teve rinhas, depois beijinhos e fungados etc. e tal

Fotos: Marcelo De Marco

Dudu em campanha!

O governador Eduardo Campos que tenta a re-eleição veio fazer - exclusivamente - a sua campanha. Quer dizer... e de sua mãe, a deputada federal Ana Arraes. Não pediu votos para Aglaílson, Bione, Raquel, nem para Henrique. Sugeriu apenas que os eleitores escolhessem parlamentares da base. Quem apostou num Dudu segregador de seu partido (Partido Socialista Brasileiro - PSB), viu um candidato ecumênico.

Ordem no galinheiro!

Quando duas militantes de campos 'opostos' trocaram tapas e quebraram o pau - em plena Praça Leão Coroado, Dudu interveio e pediu calma. Com um hematoma na orelha e um olho roxo, uma das envolvidas se queixava de não ter feito mais estrago na oponente, que socorrida por homens da Casa Militar, reclamou aos paramédicos do SAMU que - durante o entrevero - levara golpes baixos e perdera a dentadura - presente de um vereador.

Com 'gregos' e 'troianos'

Eduardo carregava no peito os adesivos dos primos legítimos Aglaílson e Henrique. De vez em quando o mandatário da Terra dos altos coqueiros trocava olhares com o candidato verde, de quando vez piscava o olho para os representantes do 40 daqui de Vitória. Aglaílson pai - assessor especial do gabinete de Dudu - atracado no pescoço de  Juninho - seu filho, carinhava-lhe os ombros e era só fungados, era só cochichos, era só beijinhos.

Mar Vermelho

Júnior deu mostras a Henrique - seu primo mais velho e também colega dos anos de petecas, 'tô no poço' e jogos de laia - que aquelas competições da época da infância ficaram mesmo no passado. O que valerá mesmo agora é outra disputa. O game da vez é ver - até o dia 3 de outubro - quem porá mais gente nas ruas. É exatamente esse joguinho psicológico que, de agora em diante - até as urnas - será travado. E a julgar por ontem, Baby Jr. está na frente.

Com a palavra, Sua Excelência o Eleitor!

Porventura, Henrique, Bione ou Raquel travestir-se-á de Moisés e deterá o Mar Vermelho?! Não sei. Nem saberia. Presumo que o mais relevante agora é escolher bem. Para isso, aposto mesmo é no eleitor crítico que - no momento certo - saberá distinguir alhos de bugalhos, selecionando ideias boas, dando ouvidos ao 'discurso qualificado', elegendo - não nomes - mas prioridades que busquem soluções para a gênese de todos os nossos problemas: a nossa tamanha falta de educação.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Descubra o que Asa Branca, de Luiz Gonzaga, tem a ver com o ensino da Matemática


do blog do projeto Travessia

Na semana de formação para o 2º módulo do projeto TRAVESSIA, ocorrida dos dias 22 a 27 de agosto, no Hotel Casa Grande - na cidade de Gravatá, foi lançado um desafio aos professores de Humanas e Exatas das gerências regionais de ensino de Limoeiro, Nazaré da Mata e Vitória de Santo Antão - que atuam no maior programa de correção de fluxo idade/série do Estado: criar situações, em nossas escolas, a fim de derrubar o mito notório, mas equivocado, de que Matemática é uma disciplina enfadonha, chata e de difícil assimilação.

Respaldados pelos formadores Tanan e Renata, os professores Ana Paula, Ângela, Conceição, Elisângela, Iracema, Marcelo, Mª Barbosa, Meires, Rita e Sandra apropriaram-se da canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, para promover uma atividade integradora que buscasse aproximar os alunos ao universo matemático. Fórmulas, regras, sistemas, conceitos e exercícios para se compreender realidades estanques, típicas de salas de aula heterogêneas, foram temas que, batidos com muita criatividade num 'liquidificador', apresentou-se em forma de paródia.

Confira o vídeo e perceba o quão simpático o ensino da Matemática pode se tornar para você!

Piratearam Pedro Américo!

Independência Ou Morte, 1888. Óleo sobre tela. 760 X 415 cm.
Museu Paulista, São Paulo.

Podemos dizer que Pedro Américo é um de nossos melhores retratistas. Palaciano, retratou, muitos anos depois (a tela foi pintada entre 1886 e 1888), a Independência do Brasil - 'ocorrida' em 1822. Nela há bravura, homens bem armados montados em mangalargas e mustangues. Que poesia, não?!

Hoje, atualizados - que estamos - vemos todos os dias pela TV reproduções 'baratas' da Independência de Pedro Américo: não há miséria, há heroísmo. O Brasil é o país do agora - uma locomotiva que esmaga. E alimentando nosso ego com conhaque e amarula, embriagamo-nos, acreditando que somos livres.

Outra poesia. Fraca - decerto - mas outra poesia!

Descobrimos, então, em nós, mais uma virtude: somos uma terra de poetas. Replicamos tanto uma mentira, que cansada... chega a transformar-se em pura e cristalina verdade. Drummond, Bandeira e Gullar são todos fichinhas perto da poética daqueles que vendem líderes travestidos de Messias, céus de brigadeiro cheirando a liberdade.

E sorrindo como otários, exercitamos a mesmíssima rotina: continuamos, por vaidade e eufemismo, a tomar no esfíncter, alcunha lisonjeira dada àquele famoso monossílabo, que de tão gasto, já perdeu as forças, todo o vigor e a coordenação motora... deixando de ser tônico para ser átono.

Em defesa do meio ambiente, alunos produzem desinfetante ecológico e receitas a partir do reaproveitamento de casca de frutas



Dia 31 de agosto - na culminância dos 1º e 3º módulos das turmas 2009 e 2010, o projeto Travessia envolveu alunos e professores (dos turnos da manhã, tarde e noite) das escolas Senador João Cleofas e Eudóxia Ferreira - ambas, da cidade de Vitória de Santo Antão - PE.

Sob a supervisão da prof.ª Iara Souza, comunidade escolar dos dois estabelecimentos de ensino se mobilizou na realização de oficinas que buscaram despertar a consciência sobre problemas ambientais, tais como: o cuidado com a água e soluções para o lixo.

Jussara Célia de Araujo, 46, aluna da Escola Senador João Cleofas de Oliveira, enfatizou - ao coordenar uma das oficinas, a urgência de uma política que institua a coleta seletiva do lixo em nossa cidade, a fim de atenuar os males causados por este ao meio ambiente, especialmente ao rio Tapacurá.

Já para Alisson Araujo, 18, despertar nas pessoas a consciência ambiental não é tarefa fácil. Segundo ele, educar-se e abrir-se a ideias que substituam hábitos - considerados normais - como o uso da fralda descartável, é um caminho.

As professoras Lucrécia de Souza, Maria Aparecida e Maria Betânia monitoraram, também, os alunos na realização de oficinas que tiveram como propósito dar publicidade a receitas de produtos de limpeza ecologicamente corretos.

Em panfleto, distribuído ao público, lia-se o apelo: "ajude a minimizar o impacto que causamos no planeta, faça seus próprios produtos de limpeza. Além de contribuir para saúde da Mãe Terra, você também fará uma boa economia. Confira e veja a diferença no fim do mês!"

Sabão líquido para louça, detergente ecológico multiuso - à base de óleo de rícino, limão e amoníaco -, desinfetante para banheiro, amaciante de roupas e sabão-pedra foram alguns dos produtos - com mostra grátis - que compuseram a pesquisa dos alunos, o que culminou num folder contendo fórmulas simples, seguras e caseiras.

Bem, mas a 'melhor' parte coube à oficina: Receitas de Reaproveitamento. Defendendo a tese de que é possível reduzir a quantidade de lixo na cozinha, as professoras Josilene dos Santos, Maria José Barbosa, Maria José da Silva Ramos distribuíram fartas fatias de bolo de casca de frutas, acompanhadas de 'fanta' caseira.

Uma delícia!!!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Aglaílson Júnior realiza 1ª passeata, enquanto Aglaílson pai fala em voltar à Prefeitura


Aglaílson Querálvares Júnior (PSB), que tenta a 3ª recondução à Assembleia Legislativa do Estado, realizou no sábado (4 de setembro) 1ª passeata - num total de quatro, até o dia da eleição. Os ex-prefeitos José Aglaílson e Demétrius Lisboa, e a mãe do governador Eduardo Campos - a deputada federal Ana Arraes, prestigiaram o evento que teve encerramento na Estação.

Ao término da caminhada, Aglaílson pai tomou o microfone a fim de pedir votos para o seu filho. Na fala, Zé do Povo manifestou desejo em voltar - em 2012 - à Prefeitura. Ana Arraes, por sua vez, cumprimentou a militância presente e se disse disposta a lutar por políticas públicas que viabilizem dias melhores - especialmente àqueles que mais precisam.

Já em seu discurso, Aglaílson Júnior (PSB) não poupou críticas ao seu adversário, o deputado Henrique Queiroz Costa (PR), que segundo ele, após "falsas promessas" e a distribuição de supostas 'carteirinhas' (passaportes de emprego), nada fez em favor do povo.  Júnior informou ainda que articula, junto ao governo do Estado, a vinda de uma escola Técnica à cidade de Vitória.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Eduardo diz que a 'Oposição está descolada do Brasil real'


Por Fábio Victor
Enviado Especial ao Recife

Governador mais bem avaliado do país, segundo o Datafolha, e com uma reeleição consagradora quase certa em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) desconversa sobre suas pretensões nacionais para os próximos anos.

Em entrevista à Folha, entretanto, fala como liderança nacional. Analisa os erros dos adversários dele e do presidente Lula, chama a oposição para um diálogo mais sereno após a eleição e aponta suas articulações com o presidente para criar uma "frente ampla" de aliados.

Apoiado por uma megacoalizão de 15 partidos, Campos tem entre 67% (Datafolha) e 73% (Ibope), contra 19% (ou 17% no Ibope) de Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Ele falou à Folha na noite da segunda-feira passada, em seu gabinete no palácio do Campo das Princesas, o mesmo no qual seu avô Miguel Arraes foi preso por tropas do Exército em 1964.

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Folha - Pernambuco é o Estado onde o presidente Lula tem a melhor avaliação, e o sr. é o governador mais bem avaliado. Quanto do desempenho do seu governo deve ser creditado a Lula?
Eduardo Campos - O presidente Lula é bem avaliado em Pernambuco por justa razão. Primeiro ele é pernambucano. Segundo, ele tem feito um governo que deu oportunidade de Pernambuco tirar do papel velhos sonhos, bandeiras de anos e anos de luta, como a refinaria de petróleo, como a Transnordestina, como a transposição [do rio São Francisco], como estaleiros.
E nós tivemos de oportunidade, ao longo desses 3,8 anos, de fazer um governo que implantou um modelo de gestão, que é inovador no serviço público, que alia a participação social na definição das prioridades à busca da eficiência no gasto público, com ferramentas de gestão que ainda são próprias de muitas grandes empresas mas de poucas gestões públicas.
Tivemos parcerias muito fortes com o presidente Lula, na área da interiorização do ensino superior, das escolas técnicas, dos investimentos do PAC em água e saneamento, em rodovias. Um volume de investimentos que Pernambuco não assistia há muitos anos.
Mas eu costumo, nas nossas andanças aqui, ouvir do povo um ditado: não tem vento bom pra quem não sabe para onde quer ir. Cuidamos de levar bons projetos, de mostrar que o nosso time sabe fazer. Porque às vezes as pessoas sabem muito pedir ao governo federal, mas não sabem transformar o ok em realidade.
E sobretudo eu não fui fazer como a velha política nordestina fazia junto aos presidentes, de ir atrás de cargos e favores. Eu fui buscar resultado para o povo: trazer empresa, universidade, escola técnica, saneamento, água, investimentos que transformam a vida das pessoas.

Folha - Parece-me que a sua relação com o presidente Lula transcende as parcerias administrativas, chegando a uma sintonia política e afetiva, uma amizade. De que tecido é feita essa relação?
Eduardo Campos - Eu tive a oportunidade de conhecer o Lula muito jovem, com 14 anos. Ele veio em 1979 a Pernambuco para a volta do meu avô do exílio. Foi a única atividade de volta de exilados de que ele participou, e ele esteve na minha casa aguardando o dr. Arraes. Dali em diante, participei, muitas vezes acompanhando o dr. Arraes, de muitos momentos da vida pública brasileira, nas campanhas pelas Diretas, nas atividades da Constituinte, em campanhas políticas com o presidente Lula, em quem eu votei desde 1989. E depois, quando ele chega à Presidência, eu estava no Congresso, como deputado, liderando o PSB, que o apoiou no segundo turno. Foi um ano muito intenso de trabalho no Congresso, de reformas, de construção de uma base política. E depois servi ao governo do presidente Lula como ministro. Então, ao longo dessa caminhada, as pessoas da minha geração foram marcadas pela presença do presidente Lula de forma intensa na vida brasileira.
E fomos construindo uma relação política muito forte, uma relação de muito respeito que eu tenho a ele. Tive oportunidade de trabalhar com dois brasileiros que foram muito importantes na minha formação: o meu avô, governador Miguel Arraes, e o presidente Lula.

Folha - Durante muito tempo, o seu avô foi um mito político em Pernambuco, algo que começa a ocorrer com o presidente Lula. Como compará-los?
Eduardo Campos - Eles são de tempos sociais distintos, de formações políticas próprias. Dr. Arraes é um sertanejo do início do século passado. Lula é um menino, retirante do agreste pernambucano, que tem sua formação no ABC paulista. Mantém suas raízes, pela convivência com os nordestinos em São Paulo, depois volta e compreende a realidade de onde saiu. Mas o que os une de fato é que eles, cada um ao seu modo, tiveram grande identidade com o povo, com os excluídos, uma grande compreensão de que o Brasil precisava colocar a questão da desigualdade social no centro de um pensar estratégico no desenvolvimento. E a gente está tendo oportunidade de ver hoje no Brasil que, além de pôr fim à inflação, além de cuidar de infraestrutura, de educação, de capacitação, de mudanças institucionais, era fundamental para o crescimento do Brasil romper o ciclo de desigualdade.
Então Lula e dr. Arraes foram admirados como eles são porque têm a marca da solidariedade com os mais pobres, uma solidariedade real. Ao meu ver não tem nada de mito. Às vezes se fala de mito numa tentativa muito mais de desqualificar do que de qualificar. Ninguém gera de um povo com tanta capacidade de sobreviver, com tanta inteligência e firmeza como o nosso povo uma admiração dessa se não tenha feito algo de bom, de positivo, que tenha garantido a essas pessoas um salto de qualidade em suas vidas.
Poucos políticos a gente senta e vê falar de povo, de pobre, sem ser em eleição, depois que são governo. E Lula e dr. Arraes, todos os dois, despachando, em reunião, em gabinete, lembrado de um sujeito que mora lá num pequeno município, num pé-de-serra que não tem energia, da necessidade de colocar água, de melhor escola, de dar oportunidade ao cidadão do interior do Brasil a ter acesso a uma universidade ou escola técnica, a melhor o transporte. Eu sou testemunha disso.
Então acho que muitos, por não entender isso, hoje estão se assustando com o resultado das eleições. Porque ficam achando que isso estava no espaço da mitologia. Isso está no espaço da vida concreta do povo, no dia a dia da população.

Folha - Críticas que foram feitas por muito tempo a programas sociais do governo Lula, de serem assistencialistas, são inclusive semelhantes às dirigidas a programas de seu avô, como "Chapéu de Palha" [ajuda a canavieiros na entressafra da cana] e "Vaca na Corda" [que financiava a compra de vacas leiteiras]...
Eduardo Campos - A mesma coisa. Eletrificação rural, cisternas... Como se essas pessoas que precisam disso não fossem brasileiros que tivessem direitos. Fazer um programa de cisterna para quem mora em comunidades remotas, e são milhares. Fazer o acesso à luz elétrica em pleno século 21. Dr. Arraes fez o programa que o Lula levou. A Farmácia Popular, que o dr. Arraes fez aqui, que o Lula levou para o governo federal.
E ao mesmo tempo temos que investir em ciência em tecnologia, inovação, em formar doutores nas áreas portadoras de futuro, em biotecnologia, em nanotecnologia. Dr. Arraes foi o primeiro governador do Nordeste a abrir uma fundação de amparo a ciência e tecnologia. Essa parte não foi contada. Veja o que foi o governo Lula na área de Ciência e Tecnologia e veja o que foram os outros governos.

Folha - O sr. é o governador mais bem avaliado e ruma para uma vitória expressiva no primeiro turno, posição que lhe credencia como um nome forte para 2014. O quanto sai fortalecido nacionalmente desta eleição?
Eduardo Campos - O mais prudente nesse momento é fazer o governo e fazer a campanha até o dia 3. Depois, caso ganhe a eleição, é continuar a trabalhar da forma com que estamos trabalhando. [Não estaria nessa situação] Se não tivéssemos entregue, como entregamos, na segurança pública: o Recife hoje tem 40% menos homicídio do que que tinha há 3,8 anos atrás. Com um grande diálogo com a sociedade, construímos o Pacto pela Vida. Especialistas do Brasil e de fora, academia, ONGs, forças operativas da secretaria de Defesa Social.
Na área de saúde nós inovamos, construímos hospitais, UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], rompemos com um debate que ficou para frente, para trás, e terminamos colocando OSs (organizações sociais) para gerir esses hospitais, o que gerou um certo debate dentro da frente que eu presido.

Folha - Que é um modelo consagrado pelos tucanos...
Eduardo Campos - Para mim o que interessa é se funciona. Entendo que o Estado não pode ser entregue às elites nem às corporações. O estado tem que ser entregue à sociedade, ao povo que paga muito tributo nesse país e que precisa ter algo que funcione.
Operamos mudanças muito fortes na educação, unificamos matriz escolar, colocamos metas em cada escola para resultado no Ideb. Tivemos o segundo resultado no Brasil de maior crescimento...

Folha - Mas a educação é justamente o ponto em que seus adversários mais atacam de sua gestão, inclusive com dados concretos, como o de que o salário dos professores da rede estadual é o mais baixo do país...
Eduardo Campos - Que não é. Existe uma diferença entre remuneração e salário. Só na educação tinha 10.000 pessoas no governo do nosso adversário que nem sequer ganhavam o salário mínimo. Eram 17 mil no Estado, 10.000 na educação. Tivemos que contratar um número importante de professores, porque faltavam professores, carteira escolar, livro, merenda. Pulamos de 3 escolas em tempo integral para 160 escolas em tempo integral. Reabrimos escolas técnicas que estavam sendo fechadas e melhoramos o salário dos professores. O salário médio na educação aumentou quase 100%. Ainda é baixo, mas vamos seguir, ganhando a eleição, recuperando...

Folha - É o mais baixo... [levantamento da Folha em abril apontou que Pernambuco é o último no ranking de salários iniciais para professores da educação básica]
Eduardo Campos - Essa era uma bandeira que era verdade em 2009, hoje não é. Em 2006 era o pior Ideb e o pior salário. Hoje já somos um Ideb mediano, tivemos o segundo maior crescimento, e não temos o pior salário do Brasil, não temos.

Folha - O que complementa o salário?
Eduardo Campos - Temos o piso nacional, pagamos bonificação de alimentação e outras gratificações que dão uma remuneração que não é...

Folha - Que o salário é o mais baixo, mas a remuneração não é...
Eduardo Campos - É. Não é o salário, é o piso. E se você considerar também que em Pernambuco você tem 30% de aula-atividade, no Brasil você tem entre 15% e 20%, são aquelas em que os professores são dispensados para estudar ou preparar. Se você fizer uma ponderação por aula efetiva na sala, aí é que não é [menor salário]. A maior aula-atividade no Brasil é em Pernambuco.

Folha - O sr. desconversou quando falei dos seus planos para 2014. O sr. planeja futuramente se tornar presidente?
Eduardo Campos - Não. Quero ser governador de Pernambuco mais uma vez e quero me dedicar esses quatro anos como me dediquei. Costumo dizer quando quero as coisas. Eu não uso da velha política, daquela artimanha que o camarada diz que não quer porque quer. Eu não faço esse tipo de jogo. Quando eu quis ser candidato a governador, cheguei e disse.

Folha - Mas o sr. dizia, que não seria candidato à reeleição...
Eduardo Campos - Sou favorável ao mandato de cinco anos com coincidência de mandato [unificar as eleições de todos os cargos eletivos], porque quatro anos com uma eleição no meio é menos do que quatro anos, porque há óbices de convênios, de iniciativa de programas. Então, por um dever de coerência inclusive, lhe digo que meu partido e eu sempre nos colocamos contra a reeleição.
Hoje sou candidato à reeleição porque acho que temos muito mais a fazer para consolidar esse ciclo de transformação que iniciamos em Pernambuco, na economia, no serviço público e na vida das pessoas. Hoje esse é que é o meu foco. De maneira nenhuma a mosca azul está me mordendo. Não existe outro objetivo neste momento a não ser vencer as eleições e poder fazer um governo à altura dessas expectativas.

Folha - Arraes foi uma liderança nacional, mas que não concretizou nacionalmente essa liderança do ponto de vista eleitoral. O sr. não pensa em levar adiante o que o seu avô não conseguiu?
Eduardo Campos - Eu posso continuar a fazer política no país, como presidente nacional do partido, formando frentes, ajudando candidaturas, como a da Dilma. Para isso não tenho necessariamente de ser candidato. Essa é uma forma muito personalista de fazer política, de você achar que só pode fazer política se for o candidato. Eu posso fazer política sendo eleitor. Minha formação política me diz isso. Nem terminamos uma eleição, como é que se está discutindo o que vai ser em 2014? Se a gente fosse ver o que diziam os analistas há quatro meses, vai ver que guarda muito pouca coerência com o que está acontecendo.

Folha - Mas em Pernambuco a eleição parece terminada...
Eduardo Campos - Não, eleição só termina quando se apuram os votos.

Folha - Ciro Gomes foi convencido a sair da corrida presidencial em nome da aliança e também não foi candidato em São Paulo. Foi uma decisão acertada?
Eduardo Campos - A decisão de não ter a candidatura de Ciro foi uma decisão que ele pediu que o partido tomasse. O partido usou os espaços de TV que tinha para lançar ideias, para que ele próprio apresentasse as ideias do partido, fizemos várias atividades nos Estados. E na medida em que se aproximavam as decisões, tanto nos Estados quanto a nacional, fomos ficando isolados, sem nenhum tempo de televisão. Defendemos na base de sustentação ao presidente Lula que a tese de que era importante ele ter duas candidaturas para garantir o segundo turno. Acho que o fato de Ciro ter exercitado a pré-candidatura ajudou a segurar o crescimento da ideia de que a eleição estava perdida. Porque a soma dos dois os percentuais ia mostrando que seria uma eleição em dois turnos.
Na medida em que o processo foi afunilando, fomos ficando sem tempo de TV, sem apoio e fomos perdendo votos para Dilma a cada pesquisa. Naquele instante que Ciro pediu para que a gente fizesse a decisão do partido, ouvimos todos os Estados, e por larga maioria - dois Estados contra todos os outros - decidiram que deveríamos unificar em torno de Dilma.
E me parece que o que acontece agora nas eleições comprova que a decisão foi correta.

Folha - Que sequela ficou daquela disputa?
Eduardo Campos - Acho que quem faz política com largueza, com entendimento, acredito que não fica sequela. Claro que Ciro queria ser candidato, mas tinha que se tomar uma decisão. Eu era presidente do partido e recebi dele mesmo, de forma pública, uma solicitação para que o partido tomasse a decisão. Operei as reuniões, os debates internos e tomamos a decisão. Não cabia outro papel a mim a não ser esse. E opinei, Pernambuco e eu, pela candidatura única do campo de sustentação ao presidente Lula.

Folha - Se tivesse vingado o plano de Ciro ser candidato em São Paulo, ele estaria em melhor situação que Mercadante?
Eduardo Campos - A essa altura é difícil avaliar isso, porque ela não topou. Naquele instante ele já estava melhor. Teve a possibilidade de sair candidato com apoio de uma frente ampla, inclusive do próprio PT. Levaria uma vantagem que é somar forças além do PT. O PT apoiaria ele, isso é o que diziam os dirigentes nacionais e locais do partido.

Folha - Ciro continua no PSB?
Eduardo Campos - [Toma um longo gole de café] Se depender de mim, continua. Tenho muito respeito por Ciro, tenho uma relação com ele de já alguns anos. Ele tem ajudado a construção do partido, tem contribuído com o crescimento do partido e formou muitos amigos no partido. Não é por uma decisão de não ter uma candidatura que as pessoas deixam o partido. Até porque partidos têm vida democrática, nem todo mundo concorda dentro do partido. Quando a gente não tira por entendimento, tira por voto, na direção do partido.

Folha - Qual a sua estimativa do desempenho do partido nessas eleições. O possível fortalecimento credencia o PSB a pleitear um espaço maior na Esplanada [hoje comanda Ciência e Tecnologia e Secretaria dos Portos]?
Eduardo Campos - Acho que o partido vai crescer na Câmara e no Senado. Acho que vamos fazer em torno de 40 deputados federais --hoje somos 23. Vamos fazer em torno de seis senadores-- hoje somos dois. E estamos fazendo a disputa efetiva em oito Estados. Desses, somos primeiro em quatro [Pernambuco, Ceará, Espírito Santo e Piauí] e somos segundo em quatro [Paraíba, Amapá, Mato Grosso e???], e quase todos estão indo para o segundo turno. É um crescimento significativo. Fruto dessa unidade, da militância do nosso pessoal em cada Estado.
Quanto à questão de governo, nunca fizemos política em troca de cargos e de funções. Vocês nunca nos viram fazer esse tipo de política na base de sustentação de nenhum governo. Mas podemos participar e temos muitos quadros para participar. Mas podemos apoiar também sem participar, não tem nenhum problema.

Folha - Qual será o papel de Lula num eventual governo Dilma?
Eduardo Campos - É prematuro fazer esse debate agora. Ele ainda está no papel de governar até 31 de dezembro. Mas é muito importante ter por perto uma experiência igual a do presidente Lula, para momentos de maior dificuldade. Alguém que teve a experiência de governar, que conhece muito o país, que tem um peso muito grande, um respeito muito grande da sociedade brasileira. É muito bom você ter a possibilidade de estar presidindo, como acredito que Dilma terá, e saber que tem alguém com quem ela pode conversar, que só tem o interesse em que dê certo. Porque às vezes você até tem algumas pessoas para conversar, mas que não necessariamente têm interesse no êxito, ou que são parte. O Lula vai estar sempre à disposição para ajudar, para pensar o rumo que seja melhor para o Brasil. É algo com que a gente vai ter que cada dia mais ir se acostumando, como outras nações do mundo. Tratar bem as pessoas que acumularam essas experiências. Como a nossa democracia é muito recente - em geral é a primeira experiência de um presidente que sai com essa força na rua -, mas [é importante] a gente saber que o país precisa cuidar bem dos seus ex-presidentes, todos eles. Porque são pessoas que tiveram um papel estratégico, que acumularam experiência. Precisamos ter respeito pelos nossos ex-presidentes, e sobretudo buscar que eles continuem a servir de alguma forma ao país, com conferências, com a possibilidade de colocá-los em contato com estudantes nas universidades, de ouvi-los sobre grandes debates, de encontrar a forma de a nação estar em contato com eles.

Folha - O que o presidente Lula conversa com o sr. sobre o que ele fará a partir de 2011?
Eduardo Campos - Ele diz que só vai pensar nisso depois de outubro, que não colocou isso como uma prioridade. Que ainda tem quatro meses, tem tempo para inaugurar muita coisa, fazer muita coisa. Que passada a eleição ele vai cuidar disso, quer até conversar com algumas pessoas para ver. Mas que vai continuar na política, que vai continuar andando o Brasil, conversando. Eu o chamei para passar uns dias aqui em Pernambuco.

Folha - Descansar, conversar...
Eduardo Campos - Ele não é muito de descansar, não. Ele é mais de cansar os outros do que descansar.

Folha - Lula disse ter conversado com o sr. a respeito da criação de uma "organização política muito forte" para impedir que se repitam sobre o presidente pressões do Congresso como a ocorrida na crise do mensalão. Que articulação é essa?
Eduardo Campos - O presidente Lula já falou a vocês e a dirigentes partidários que, se dependesse dele, ele faria um grande partido. Acho que, ao longo desses anos, ele falando isso pra gente do PSB, do PDT, do PSB, ele foi vendo que isso não era uma coisa fácil ou possível de acontecer. E acho que agora evolui algo que eu entendo que tem sentido político: por que fazemos frentes nos Estados, nas disputas eleitorais, e não conseguimos manter uma institucionalidade de frente entre partidos que têm identidades e histórico de estar juntos em diversas lutas e causas. Acho que depois da eleição precisamos conversar isso. Outros países da América Latina tiveram experiência, como a Frente Ampla, no Uruguai. Era uma determinada circunstância histórica, mas acho que podendo ter uma institucionalidade, uma convivência em que a gente possa, em vez de discutir candidaturas de A, de B --e fazer isso logo depois da eleição nos favorece a isso--, poder discutir uma série de ideias sobre o país, de valores que devemos reforçar, de propostas para a sociedade brasileira, na questão da saúde, da segurança, do meio ambiente, na questão internacional. E que a gente pudesse ter o apoio daquele conjunto.
Temos uma frente muito ampla, heterogênea, que suporta a candidatura de Dilma, mas temos nessa frente partidos que têm maior identidade, maior história juntos. Acho que isso fica como um dever de casa para a gente ver se depois da eleição é possível.

Folha - Com a possível vitória da coalizão governista, a aprovação recorde do presidente e um certo discurso de rejeição a reparos ao governo, não é possível identificar uma escalada no caminho de se tentar varrer a oposição do mapa?
Eduardo Campos - Isso é um problema da oposição, não é um problema nosso. É um problema de qual oposição foi feita e qual a forma de fazê-la. Acho fundamental para todo e qualquer governo tenha oposição. É muito importante para um governante que exista oposição, democracia, liberdade de imprensa. São fundamentos da vida democrática. Acredito nisso, vivi isso, fui formado lutando por isso.
Agora, no momento que temos uma grande vitória, ela deve ser acompanhada de uma grande prudência e de muita humildade. Para que a gente possa dar conta da tarefa, é fundamental inclusive dialogar com a oposição. Que vai sair da urna com vitórias, com senadores, com deputados, com governantes. A forma como a eleição está se dando vai apontar à oposição a nós que estamos na base de sustentação do governo uma necessidade de dialogar, de uma maneira mais serena, menos pontuada pelos confrontos que marcaram a vida do país nesses oito anos. Muitas vezes eu vi setores da oposição cometendo os mesmos erros que o PT cometeu quando foi oposição e pagou por esses erros.

Folha - Por exemplo?
Eduardo Campos - Quando fez oposição a tudo, sistematicamente, se negou em determinados momentos a prestar apoios a alguns governos. Aconteceu com o governo de dr. Arraes, de Brizola, de Itamar, de Mário Covas, de Franco Montoro. Aconteceu na relação com o PT. E hoje muitos militantes do PT percebem que foram erros que geraram outros erros agora, quando o PT chega ao governo. Porque ficou aquilo: você fez isso comigo naquela época, vou fazer agora com você. Acho que esse tempo passou. A gente precisa perceber que a sociedade não está mais a fim desse debate político das arengas, das brigas desprovidas de conteúdo. Acho que é um outro momento. É preciso ter muita humildade com essa vitória que vamos ter. Porque o povo que bota é o mesmo povo que tira. O povo está nos colocando agora diante de uma grande vitória porque nós trabalhamos e cuidamos do povo no Brasil inteiro, pela liderança do presidente Lula, pelas parcerias que fizemos. É preciso ter muita serenidade.
E acho que tanto Dilma quanto o presidente Lula estão muito, mas muito convencidos disso, que é preciso saber ganhar. Na vida muita gente acha que difícil é saber perder. Difícil é saber ganhar. Quando você perde, você não tem tanta responsabilidade com a vida dos outros. Agora quando você ganha, tem muita responsabilidade com a vida de muitas pessoas, e é preciso saber ganhar.
E vejo que Dilma está madura para ganhar essa eleição. Ela tem consciência dessa enorme tarefa que ela vai ter. Suceder a um presidente como Lula não é uma tarefa simples, mas ela demonstra estar preparada, não só do ponto de vista técnico e político, mas também do ponto de vista emocional, de saber qual é a sua tarefa nos próximos quatro anos.

Folha - Onde a oposição errou?
Eduardo Campos - Isso é uma avaliação muito mais para eles próprios fazerem depois da eleição do que para a gente fazer a 30 dias da eleição. Prefiro ver onde é que nós acertamos. Acertamos a pauta do povo: o Brasil voltar a crescer, cuidar de escola, desenvolvimento, voltar a fazer muitas obras, as transformações que podemos ver no nosso dia a dia. Entre a pauta do debate político formal e a pauta da sociedade existe uma distância enorme. Nós deixamos o debate formal do Brasil oficial e fomos para o debate do Brasil real. O Brasil da construção da cidadania, da oportunidade, do resgate da autoestima do nosso povo. Desmontar fábricas de desigualdades espalhadas pelo país afora. E ter clareza de que tem muitas ainda, de que te muita coisa para ser feita,muita transformação. Fizeram o debate do Brasil oficial, enquanto nós fomos debater o Brasil real. Essa foi a grande diferença. O Lula é um brasileiro muito mais do país real do que do país oficial. O debate oficial não chegou nas comunidades, nas universidades, nos bairros da periferia de São Paulo, do Rio, do Paraná, de Pernambuco. Essa pauta ficou lá em Brasília. Ela enche páginas e páginas de jornais, blogs, fatos e fatos, madrugadas de debates na televisão. Mas não são o assunto da vida brasileira, da enorme maioria dos brasileiros.

Folha - O sr. acha essa a única pauta cabível? Por que a mídia...
Eduardo Campos - Não é a mídia, não. Os políticos vão à mídia. Porque você abre o jornal tem uma página de ciência e tecnologia, tem uma página de opinião sobre temas importantes, uma que fala de esportes, outra de cotidiano urbano. Tem debates muito interessantes. Agora, os políticos estão nesses debates? Estão lá em três ou quatro páginas, levando aos repórteres do seu jornal, e de outros jornais e outros blogs, muitas vezes assuntos que não são os que interessam à sociedade. O cara passa 15 dias, 30 dias, porque a PEC tal, porque a MP não sei o quê. A escolha da pauta para fazer a oposição e o debate político, os temas escolhidos pela oposição foram temas que não colaram na vida real. Porque, se tivessem colado, o resultado seria outro.

Folha - Jarbas construiu uma aliança que parecia forte, governou por oito anos, foi bem avaliado e, a se confirmarem as pesquisas, sofrerá uma derrota fragorosa para o sr. no primeiro turno. Como em quatro anos a oposição virou pó?
Eduardo Campos - As pessoas dizem que vêm o nosso governo na vida delas, no emprego, na segurança, nas UPAs, nos hospitais novos, nas escolas, no desenvolvimento das regiões. O sertão hoje, tem cidade no sertão central de Pernambuco --região que pelo IBGE perdia população pela migração-- temos as maiores obras. A situação de emprego: você paga os dez maiores resultados do último Caged estão lá na região de Salgueiro. Canal, ferrovia, rodovia, escola técnica, universidade, Minha Casa, Minha Vida, 40 mil cisternas sendo construídas.
Aí as pessoas vêm a escola dos seus filhos chegando banda larga, as aulas sendo dadas com o professorado com equipamentos para dar aulas interativas, com seu laptop com cinco programas educativas. Bibliotecas que funcionam, laboratórios que funcionam.
Essa mudança, o ambiente da economia, a chegada ao consumo, a possibilidade de um crédito, de empreender. Isso se junta de um lado e, de outro, uma fala descolada da realidade. Como é que você pode fazer oposição se você não se mistura à realidade para ver exatamente onde é que o governo que está aí está falhando. Se você não compreende isso, [é difícil] até para você propor que é possível fazer melhor e mostrar como é possível fazer melhor. Essa é que a questão.
Temos uma geração que interage. A minha geração é diferente da geração dos meus filhos, que já altera, vai jogar no videogame e muda as camisas, muda os jogadores do time. Os nossos joguinhos antes a gente não tinha esse poder de mudar, de fazer, de interagir, de criticar. Esses meninos estão efetivamente noutra, não são passivos.

Folha - Há na campanha de Jarbas um discurso semelhante ao da oposição nacional, de que o seu governo se beneficia das bases lançadas há muitos anos, por governos anteriores, como no caso de Suape.
Eduardo Campos - Suape é um projeto de 30 anos. Quando fez 30 anos, dei uma medalha a cada governador, prestei uma homenagem a todos os ex-governadores, os vivos e às famílias dos que já tinham morrido. Agora, em 30 anos de Suape, investiram R$ 500 milhões lá; em 3,8 anos, investimos R$ 1,2 bilhão. Isso é um fato. Eu torço que amanhã, depois do nosso segundo mandato, possa vir um outro governador e possa fazer em quatro anos R$ 3 bilhões.
No tempo de preparar a mão de obra, a principal escola técnica de Pernambuco, que era a segunda do Brasil, a primeira do Nordeste, o Etepan, tinha sido fechada. Nós reabrimos, abrimos mais sete, conseguimos mais seis, contratamos agora mais 11, chegamos para o sistema S quantas vagas vocês têm pra qualificar. As pessoas sabem que consideramos que preparar o Estado não é só preparar a infra, é preparar as pessoas, preparar as empresas. E o povo sabe que fazer é nossa obrigação. Não precisa oposição ou situação ficar dizendo o que foi feito ou não foi feito --o povo sabe. Se em 2006, o povo achasse que estava tudo bem, que não precisava mudar nada, eu não teria sido eleito governador da forma que já fui eleito em 2006, com 65% dos votos. Quando o povo nos escolheu é porque queria mudanças, e essas mudanças nós cuidamos de fazer. Passei 3,8 anos e não me referia a nenhum adversário político, não falei hora nenhuma sobre eles, não cuidei da vida deles, não tratei de ficar reclamando da situação, falando mal do que encontrei. O povo já tinha dito que não estava bem. Essa forma de fazer política ajudou a unir Pernambuco. Hoje tenho muitas pessoas que nunca votaram no nosso conjunto e que estão fazendo nossa campanha. Muitas pessoas que no passado votaram em dr. Arraes, depois passaram a votar em Jarbas e hoje votam com a gente. Estamos juntando muitas pessoas, e Pernambuco está mais feliz vendo a política sendo feito assim do que sendo feita da forma muitas vezes azeda com que foi feita a política em Pernambuco.