sábado, 31 de outubro de 2009

O PSDB e Aglaílson: coisas de Lula

Foto: Roberto Stuckert Filho


Dizem que no seu aniversário, o presidente tomou todas e umas. Mas antes de embriagar-se de uisque, mais precisamente... de bebericar um “sinle malt” nipônico Yoichi, 20 anos, Lula deixou escapar a sua preferência, caso Dilma não decole. Trata-se do carismático vereador mais votado no município de Vitória de Santo Antão, um sujeito simpático chamado José Aglaílson - mais conhecido como Zé do Povo. Pelo menos foi o que assessores de Luíz Inácio delataram - exigindo anonimato.


Sabe-se que as articulações já começaram. A saída de Zé do Povo do PSB para o ninho tucano (PSDB) não foi à toa. E enquanto muitos incautos no mundo da política tergiversam eventual enfraquecimento de Aglaílson junto à paróquia do governo socialista do neto de Arraes, cientistas políticos de diversos cantos do planeta, inclusive da - Washington University, de Harvard e de Cambridge - já estudam a possibilidade de acampar por estas bandas só para entender o fenômeno.


Lula
- macaco velho em política, politicalha e seus derivados - pretende, com a ida de Zé do Povo para o PSDB, minar a candidatura do governador Serra - seu desafato - ao Planalto, assim como inviabilizar os projetos de Aécio Neves. Sinceramente, não sei o que é menos ruim: se o Lula sóbrio, inventando moda e querendo dar cavalo-de-pau na política tupiniquim; ou o Lula doidão, com o esfincter encharcado de cana, tocando trombeta, botando bloco na rua.


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Este blog comemora 1º patrocínio

Foto: Marcelo De Marco

Este blog tem a honra de anunciar o seu primeiro patrocinador involuntário. Trata-se - nada mais, nada menos - de João do Cocô. Maior produtor no município de Vitória de Santo Antão, João inaugura a sua mais nova loja - O Cantinho do Cocô, situada às margens da antiga BR - 232, conjugada ao muro das instalações do Ciretran, próxima ao Hospital João Murilo de Oliveira.

Em ambiente agradável, arejado e com espaço climatizado - de fácil localização - O cantinho do Cocô representa apenas o início de uma revolução no modo como se produz e distribui o produto na Terra de Mariana Amália: uma verdadeira aula de logística empresarial do ramo.

Fornecedor forte em Pernambuco, João do Cocô objetiva atender à demanda do mercado varejista em Vitória e região, oferecendo à clientela o melhor: a garantia de boa qualidade e de excelente procedência. Contudo, João já adianta: não vai distribuir cocô só por aqui não. pretende, a médio-longo prazo, fundar uma rede de franqueados no Norte-Nordeste. E sem o menor pudor, emenda:

O Cantinho do Cocô, porque quando Deus quer é assim!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vejam só o absurdo!

Foto: Steve Crow/Pentahouse


Na Nova Zelândia, uma professora que posou nua está sofrendo ameaça de demissão.
Rachel Whitwell, de 26 anos, pode ser convidada a se retirar de uma escola só porque foi clicada e vista nua no site australiano da revista "Penthouse". Conforme noticiou o jornal neozelandês "Stuff". Rachelzinha estaria sofrendo com a inveja de colegas professoras incompetentes, feias, fracas, possuidoras de caráter duvidoso, e que para acabar de piorar, mal amadas (situações que - nós todos sabemos - não ocorrem aqui no Brasil).


Mas, contudo, todavia, entretanto... e sem mais delongas - porque não estou a fim de gastar todas as minhas conjunções coordenativas adversativas com tamanha cretinice e falta do que fazer -, em sua defesa a ingênua professora - tadinha - apresentou um trunfo para dirimir quaisquer ondas de insinuações vilipendiosas que tentem macular a sua imagem: sugeriu às tais coleguinhas de profissão - despeitadas e tristes - que pesquisassem, junto aos alunos, se ela não era uma booooooooa professora.



domingo, 25 de outubro de 2009

Uma TV que se preocupa com as pessoas

Foto: Portal Terra

Não é novidade que a televisão brasileira se constituiu - especialmente nos fins de semana - num grande depósito de lixo. Mas quero confessar aqui que o trabalho realizado pela Associação de Assistência à Criança Deficiente, a AACD, me emocionou.


Essa entidade privada, sem fins lucrativos, que trabalha há 59 anos pelo bem-estar de pessoas portadoras de deficiência física serve de modelo para se afirmar que nesse país é possível mudar realidades - antes tristes – ressocializando pessoas.



Elogio aqui, portanto, o tempo destinado a essa causa pela emissora de
Sílvio Santos - esse camelô da comunicação - no melhor sentido. Sou testemunha de que o SBT - neste fim de semana - levou alegria, entretenimento, mas, sobretudo esperança e soluções concretas.


Parabéns!



sábado, 24 de outubro de 2009

Do jeito que você me olha... vai dar namoro

Foto: José Cruz / ABr

Recém empossado no Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro foi "sorteado" para fiscalizar a Fundação Sarney. O ex-ministro de Lula terá a incumbência de analisar a prestação de contas de Fundação Sarney no TCU. Um dos defensores do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), durante a crise que atingiu a instituição neste ano, Múcio já sugeriu uma saída à raposa maranhense: fechar as portas, alegando problemas financeiros.


Em encontro reservado no gabinete do pajé do Senado, à meia-luz e ao som de hits como Vinícius, Chico, Tom Jobim... e que acabou por descambar em Bruno & Marrone, o ministro Múcio - apesar de agora mais poderoso - jurou à Sarney amor eterno.
Ex-coordenador político do governo Lula, Múcio vai julgar e encaminhar ao plenário do TCU um parecer dizendo se houve ou não desvio de dinheiro público na Fundação Sarney.


Conforme dados do Portal G1, o TCU investiga, a pedido da oposição, se houve irregularidade na aplicação de recursos repassados pela Petrobras para patrocinar projeto cultural da fundação.
Pelas regras do tribunal, Múcio poderia se declarar impedido de analisar esse caso. É que durante a crise do Senado, na qual Sarney foi acusado de tráfico de influência, nepotismo e responsabilidade na edição dos atos secretos, Múcio fez defesas públicas do peemedebista.


Entretanto, sabemos nós que José Múcio não vai se averbar suspeito. A paixão e a fidelidade vistas no brilho de seus olhos amendoados falarão mais alto, e todos já preconizam o seu parecer.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Suplicy, o superman da política brasileira

Foto: Reprodução


Esta semana o Senador Eduardo Suplicy (PT-SP) protagonizou mais uma cena de teatro mambembe a que está acostumado - com todo o respeito aos atores, é claro! É que a apresentadora do Pânico na TV, a ex-BBB Sabrina Sato, fez-lhe a proposta de passear de cuecas vermelhas pelas dependências do Senado.


A
nipônica - de corpão malhado e miolos sedentários - nem precisou apelar tanto, apenas disse que o senador paulista era a cara do Clark Kent, o Super-Homem. Aí, doidim pela luz da ribalta, o parlamentar desmiolado ficou todo besta, e não pestanejou: vestiu imediatamente, e por cima da calça, o cuecão de couro.


Agora, investigado pelo corregedor da casa - seu conterrâneo amigo, o senador
Romeu Tuma (PTB-SP), Suplicy corre o risco de perder o mandato. Embora seja bem provável que tal desfecho não se confirme, o ex-marido de Marta Suplicy se mostrou, mais uma vez, conformado. Para ele, pior seria não atender aos apelos jeitosos da japa.


domingo, 18 de outubro de 2009

Carrinho de supermercado e um corpo como mercadoria

PESADELO: Marcelo Sayão clica um carrinho de supermercado


Tudo bem que o Rio tem o Corcovado, tem a Praia de Ipanema - com suas garotas também igualmente belas, igualmente lindas. Tudo bem que o Rio é cool, tudo bem que o Rio é great, tudo bem que o Rio é beautiful, mas acontece que já de muito tempo o Rio só vende lá fora a sua pior imagem: VIOLÊNCIA.


sábado, 17 de outubro de 2009

Protógenes Queiroz sou eu

Foto: Dida Sampaio / Reprodução

Por que será que Protógenes Queiroz incomoda tanto, hein?!


Seria ele por acaso um marginal de terno e gravata a usurpar a ordem, a subverter princípios e valores tão caros à família?


Seria mesmo Protógenes um infeliz desequilibrado..., um sujeito diferente que deseja aparecer às custas do resvalo, da corruptela e do engano alheios?


Escutem bem, senhoras e senhores!
Que rabo preso vos prendem à postura mórbida de desqualificar e observar com obliquidade quem se contrapõe aos costumes, manias e hábitos de, especialmente a reboque da coisa pública mentir e roubar?


Pelo amor de Deus
! Paciência tem limite! Paremos com a hipocrisia e com o receio imbecil de nunca admitir discordar ou ser discordado, ou de nunca tentar assumir posturas que contraditem o senso comum, só porque o caminho fácil da bajulação é um atalho para se mamar nas tetas do paternalismo frouxo e exacerbado!


Senhoras
! Senhores! Chega de dizer amém! Este país precisa de homens e mulheres que tenham o perfil de repassar aos seus filhos e netos o legado de pessoas corretas, probas, honestas e incapazes de congregar em panelinhas e de patrocinar ações corporativas apenas pela conveniência.


Chega de caminhar de joelhos
, ainda que a subversão acarrete calúnia, perjúrio... deprecação.


Chega
! Chega! Chega! Porque assim como
Protógenes, não abro nem para um trem carregado - mesmo que de inveja, puro ressentimento incontido ou mágoa!


Em homenagem ao Dia do Professor

Foto: Letícia Gomes

Semeador de esperança


A escola, desde muito cedo, representou para mim o espaço para a realização. Era lá onde eu me manifestava, me divertia. Era entre os intervalos que eu escrevia bilhetes com palavras temperadas a gosto: peixe sem espinha, emoções agudas. No dia em que não tinha aula eu ficava melancólico, sorumbático, macambúzio, vagando..., sem nada para fazer; e, numa família de evangélicos xiitas, o pior: sem direito a uma TV para assistir à minha série favorita: Jaspion. Ler era, então, o meu refúgio, era o meu escape. E eu fugia...


Acho que preciso aqui retificar algo, porque confesso que peguei pesado. Meus avós não eram tão autocráticos assim. Meu velho e querido avô, quando estava na cozinha combinando frutas para o seu famoso e indecifrável suco - que tão pretensiosamente chamava sorvete – era de fazer concessões: eu então colava figurinhas, jogava pião com os poucos amigos, brincava de carro, perturbava preces: andava de carrinho de rolimã..., ah!..., quanta saudade: aquela brisa na cara, naquelas ruas estreitas.


Eu também tinha um rádio, velho, e de pilha. Era dele que eu tirava as novidades do esporte. E sem filtrar as hipérboles e os comentários espalhafatosos, imaginava Romário – meu jogador favorito – produzindo aquele elástico, desenhando cambalhotas no ar, vixe!... parindo um gol de bicicleta. Como era bom. E eu conjeturava. Construía estórias. Essas lembranças me levam a concluir o quanto perdi com o advento da tecnologia das TVs de plasma e com a automaticidade da internet.


Hoje, tudo é ali
na hora, e com toda a nitidez...


Mal acostumado – vejam só – já não fabrico mais estórias.


O sábado e o domingo voam.


Na segunda, a volta à rotina. Duas de História, uma de Religião, uma de OSPB... a última era de Gramática. Espera aí... Gramática não, Português. Para mim, era justamente naquela última aula do dia em que começávamos a semana. Era uma aula aguardada! Instante ímpar: degustação de palavras. Aquela professora tão carrancuda e tão econômica agora abria o livro de Mesquita & Cloder Rivas Martos para sortear o leitor do dia, pela caderneta:


– 18!


– Presente, professora!


Leitura. Página 106. Unidade 11.


Não se ouvia um grilo.


E com fome, pelo fim da manhã, eu viajava... quando nem sonhava ensinar um dia Português.


Entretanto, inoportunamente, no melhor, o toque estridente e pontual dava cabo ao meu dia na escola.


Contrariado, ajeitava a bolsa, onde guardava os livros com cuidado para não machucá-los.


Me despedia irresoluto da sala e voltava remoendo Diaféria, Lispector, Colasanti, Machado... M-A-N-D-R-Á-G-O-R-A-S!


Já no rumo de casa, eu jogava pedras, quebrava paus, chutava baldes, esmigalhava gravetos, fazia o diabo..., pintava miséria; por diversão e canalhice
que só agora julgo inocentes apertava campanhias em pleno inverno e horário de almoço, e corria; me escondia nas esquinas; seguia atalhos. E para encurtar ainda mais o caminho, à beira da estrada pedia bigu, esperava carona e, muitas vezes, o momento certo de amorcegar camionetes, e até veículos pesados: brincava de menino.


Alguns prenunciavam:


– Esse não vai dar pra nada.


Outros diziam:


– Olha que trombadinha! Que maloca! Cuidado! É um perigo!


Mas, nostradamus também erra.


E para provar, vejam (com os próprios olhos): todas as manhãs têm sido claras, e o dia
embora ensolarado – perfeito a esse trabalho árduo de ourives que da morfologia à sintaxe, do estilo à semântica – recruta leitores; e aí então costura, aninha, cultiva palavras: semeia esperança.



Poeminha no escuro

Abajur de Néon / Reprodução

Amour de blackout

Lábios se encontram
e fazem beijos, mel, maçã:
cócegas no céu da boca
ao prazer do dorso...

que se escapa

Aí, fonemas pálidos
intensificam-se no eclipse

Ao pé do ouvido:
sussurros, afagos, juras criptônimas

Entre cortinas anônimas
jaz amour de blackout

E às trevas claras da lua
- entre os galhos noturnos das árvores -

pássaros cantam, tripudiam
retiram seus bicos postiços

fazem amor, à noite fria

In: Psius de pássaro
Poema de 2001


Prestação de contas, Bienal

Foto: Marcelo De Marco

O Governo do Estado repassou, em forma de bônus, a todos os professores da rede, R$ 200 para compras na VII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco (dinheiro do Fundeb). Sem correção, o valor foi o mesmo concedido na edição anterior, em 2007. A diferença foi a ajuda de custo: R$ 108.

Eis, abaixo, a minha compra:

+ A menina marca-texto, de Izabela Domingues (Calibán Editora);
+ As cores do tempo, de Majela Colares (Calibán Editora);
+ As filhas de Lilith, de Cida Pedrosa (Calibán Editora);
+ A última do Português - Cartilha das novas regras do Acordo Ortográfico (Cepe Editora);
+ Comedoria popular - receitas, feiras e mercados do Recife, de Ana Cláudia Frazão (Brascolor);
+ Expressões e termos latinos para juristas, de Jorge Nogueira de Lima Neto (Martins Fontes);
+ Lições de Gramática em versos de cordel, de Janduhi Dantas (Editora Vozes);
+ Minha primeira biblioteca (Larousse);
+ O bebê urso - meu livro favorito de histórias (Ciranda Cultural);
+ O poliedro da crítica, de Fábio Lucas (Editora Calibán);
+ Pernambucânia - o que há nos nomes das nossas cidades, de Homero Fonseca (Cepe Editorial);

O critério para as escolhas foi simples: como sou afixionado por poesia, quis ornar a minha estante com nomes da cena literária contemporânea: os pernambucanos Colares e Cida. Já Fábio Lucas representa uma voz corrente no campo da Teoria Literária. Outros títulos têm a ver com uma combinação que aprisiona qualquer leitor: edição limitada, ou seja, escassez nas livrarias, assim como a abordagem de temas relacionados à rica cultura pernambucana, especialmente no item "culinária".

Recomendo todos!

Nova identidade

Clique sobre a imagem para ampliar

Vem aí a nova a carteira de identidade, que será chamada de RIC - Registro de Identidade Civil. Esse novo documento substituirá o RG, CPF e Título de Eleitor. O novo documento ainda conterá informações sobre tipo sangüíneo, cor da pele, altura, peso que ficarão gravadas em um chip dentro do documento (como nos novos cartões bancários).

Além de oferecer a possibilidade de armazenar informações trabalhistas, previdenciárias e criminais (só faltou ter a Carteira Nacional de Habilitação - CNH).

A nova identidade terá inúmeros itens de segurança como: dispositivo anti-scanner, imagens ocultas, palavras impressas com tinta invisível, fotografia e impressão digital a laser, que - segundo o Ministério da Justiça - impedirão fraudes e falsificações. Segundo o governo, o plástico poderá ser feito na hora, demorando apenas 5 min. para ficar pronto. (É o que veremos!).

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A celpe cortou a energia aqui de casa

Foto: Reprodução


Anteontem, a Companhia Energética de Pernambuco, vulgo Celpe, tirou onda. Mandou um de seus emissários passar o alicate e cortar o fornecimento de energia aqui de casa. No breu, por quase 48 horas, tive de esperar a boa vontade de uma empresa que, achando pouco o modo ganancioso como assalta todos os meses o bolso dos pernambucanos, se dá ao capricho de prestar um serviço vagabundo - especialmente a consumidores adimplentes.


Liguei para o 0800 e o sistema não havia acusado o recebimento da conta que estava paga. Mas procurei manter o equilíbrio. Até porque a moça do Juizado Especial foi logo me consolando: disse que dava algo em torno de 2 mil pilas, em indenização, por perdas e danos. Preocupado estou agora é com a minha menina que, depois dessa, vive com uma história de bicho-papão. O blackout deixou a coitadinha traumatizada.


Acho que vou ter de levar também a conta do psicólogo!



segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dia da Criança!

Foto: Reprodução


Por livre e espontânea pressão, o Dia da Criança foi comemorado no Centro de Convenções de Pernambuco, durante a Bienal.


Vivi parece ter aprovado!

domingo, 11 de outubro de 2009

Muribeca, na Bienal

Foto: Marcelo De Marco

Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho? E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer? E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?

Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira, uma caganeira? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?

O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho nessa merda aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.

Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr’onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro?

Você precisa ver. Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barata? Bisteca, filé, chã-de-dentro - o moço tá servido? A moça?

Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta - roupa nova, véu, grinalda. Minha filha já vestiu um vestido de noiva, até a aliança a gente encontrou aqui, num corpo. É. Vem parar muito homem morto, muito criminoso. A gente já tá acostumado. Quase toda semana o camburão da polícia deixa seu lixo aqui, depositado. Balas, revólver 38. A gente não tem medo, moço. A gente é só ficar calado.

Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho.

Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dizem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.
_______________________

"Muribeca" é um dos contos do livro "Angu de Sangue", publicado pela Ateliê Editorial no ano 2000.

Marcelino Freire nasceu em 20 de março de 1967 na cidade de Sertânia, Sertão de Pernambuco. Vive em São Paulo desde 1991. É autor de EraOdito (Aforismos, 2ª edição, 2002), Angu de Sangue (Contos, 2000) e BaléRalé (Contos, 2003) publicados pela Ateliê Editorial. Em 2002, idealizou e editou a Coleção 5 Minutinhos, inaugurando com ela o selo eraOdito editOra. É um dos editores da PS:SP, revista de prosa lançada em maio de 2003, e um dos contistas em destaque nas antologias Geração 90 (2001) e Os Transgressores (2003), publicadas pela Boitempo. Publicou também, pela Editora Record, Contos Negreiros (2005), obra que lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Literatura, categoria Contos, edição 2006. Seu livro mais recente é Rasif: mar que arrebenta (Contos, 2008), também pela Record.

Que só BaléRalé

Marcelo De Marco, Marcelino Freire e Miró

Falei que Miró era intrometido. Intrometido mesmo sou eu. Intrometido e amostrado. Imaginem vocês que presunção - a minha: ladear duas das mentes mais criativas da nossa literatura contemporânea. Conheci a obra de Marcelino Freire só recemente, em 2004... 2005, por indicação de Walther (Moreira Santos). Em 2007 levei para sala de aula um de seus mais belos textos: Muribeca (ácido puro).

Ontém, o autor de Angu de Sangue - cheio de pilhéria, leu trechos de BaléRalé - livro de contos lançado em maio de 2003, e arrematou risos. Já Miró - esse mascate no melhor sentido - apresentava, alardeava e promovia produção da Cabra Quente Filmes, direção e roteiro de Wilson Freire, baseada em obra homônima de um poeta da peste: Miró - preto, pobre, poeta e periférico.

Na Bienal eu encontrei Miró

Fotografia: Marcelo De Marco

Encontrei Miró segurando uma latinha de cerveja lá no Café Cultural da Fafire. Quando me viu, deu-me um abraço cheirando à cachaça e poesia: sinestesia da melhor espécie. Como bom pregador de palavras, ofereceu-me Onde estará a norma?, vídeo-documentário que registra a obra dele mesmo - um dos mais importantes poetas do movimento de poesia marginal do Recife.

Miró - intrometido como sempre - veio de Muribeca para apartear Marcelino Freire - contista de primeira ordem, que falava sobre coisas, como sexualidade alternativa, mas que distraiu-se enquanto agarrava o microfone. Provocador e performático, Miró preteriu essa tecnologia fálica. Desferiu então, cuspindo a platéia com orvalho e éter:

"Preto, pobre, poeta e periférico: puta que pariu!"

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Nobel para Obama. E o que para Obamis?

Foto: Reprodução

O menino engomado de Illinois, Barack Hussein Obama não fez nada até agora. Mas o fato de ser o primeiro negro a ascender à Casa Branca já é um feito.

E o que desperta mais a atenção é a visão de longo prazo da confraria de Alfred Nobel, ao escolher o presidente ianque para o Nobel da Paz.

Porque... todos sabem: fazer algo mesmo que merecesse tamanha honraria, Obaminha ainda não fez.

Aquilo que vislumbram os analistas, portanto, não passam de conjecturas passíveis de percalços e falhas: ver Barack Hussein decretar o fim das guerras e das más lembranças sem perder hegemonia.

Enquanto isso, aqui no Brasil, nosso Obamis da Silva - que pretende, não sei, ser premiado também algum dia - embriagado e míope, vale-se da propaganda lá fora do Programa Bolsa Família.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Quem disse que isso é coisa do MST?

Foto: G1

Conforme dados do site Contas Abertas, O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), desde 2002, recebeu R$ 160 milhões em convênios com o Ministério do Desenvolvimento e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Só neste ano o MST já recebeu R$ 14,5 milhões. Ano passado o montante chegou a R$ 13,8.

Entretanto, na última quarta-feira, 7, em cumprimento a uma determinação judicial, militantes do movimento - contrariados com a decisão - deixaram a fazenda da Cutrale, no interior de São Paulo, esculhambada: uma cena de vandalismo e depredação.

Em nota, a direção do MST avalizou a ocupação como única forma de exercer pressão para que a lei da Reforma Agrária seja cumprida. Em atendimento ao pleito, até dezembro, o movimento receberá - ainda - aproximadamente R$ 4 milhões.

Como diria Odorico Paraguassu: É justo, é muito justo, é justíssimo!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Lá e Lô de Aglaílson

Rodrigo Pessoa clica o 'caloroso' aperto entre Guerra e Aglaílson

A notícia corre: José Aglaílson Querálvares trocou o PSB de Arraes pelo ninho tucano do presidenciável e favorito Serra. Hoje pela manhã o ex-prefeito Zé do Povo oficializou sua filiação ao PSDB, junto ao presidente da legenda, senador Sérgio Guerra, e os deputados Carlos Santana e Bringel, no Instituto Teotônio Vilela, no Derby.

A jornalistas, alegou não ter mais ambiente na laia do governador Eduardo: 'Saio do PSB por causa das ofensas. (...) Tenho acompanhado os Arraes e os Campos há muitos anos, mas não posso ficar num palanque onde as pessoas ofendem tanta gente. Nunca vi Sérgio Guerra ofender ninguém, fico com Serginho'.

Aglaílson pretende se candidatar a deputado federal e não enxergava espaço no PSB para materializar o seu projeto.

'O PSDB é um partido de homens sérios, onde tenho muitos amigos. O PSB também, mas estou sentindo que muitos do partido não me deram as mãos', destacou. 'Se Arraes estivesse aqui, não estaria satisfeito com esse palanque. Já aconselhei Eduardo Campos várias vezes e na estrada que eu o coloquei ele foi vitorioso, saiu governador de Pernambuco'.

O senador Sérgio Guerra disse que é uma honra para qualquer partido receber Aglaílson, com quem já trabalhou junto muitos anos, sendo por ele apoiado na eleição ao Senado, além de manter grande amizade. 'Aglaílson é uma pessoa de muitas qualidades, com uma história de solidariedade reconhecida. Será mais um deputado federal eleito pelo PSDB', concluiu.
_________________

Baby Jr. fica

Já o deputado estadual Aglaílson Júnior, continua no PSB. O filho de Zé do Povo - apesar de não desfrutar da mesma simpatia do pai - detém grande influência na região Mata-Centro. É dele, por exemplo, as indicações para as direções da GRE - Gerência Regional de Ensino, assim como do CIRETRAN, em Vitória de Santo Antão. À primeira vista, não pretende perder a boquinha. Basta saber como ele há de se comportar, vendo no palanque do velho Aglaílson vozes que se contrapõem ao atual governo do Estado.
_________________

Acomodação local

José Aglaílson se junta agora ao vereador Everaldo Arruda, irmão do Secretário de Cultura, Turismo e Esportes da Vitória, e empresário do ramo de educação, Paulo Roberto - também filiado ao PSDB. A chegada do vereador mais votado de Vitória, no último pleito, era tudo aquilo que a cúpula estadual tucana queria: uma plataforma para estremecer a solidez de Eduardo na Terra das Tabocas. Em troca, Sérgio Guerra deve ter oferecido a fazenda com a porteira fechada.

E eu, que estava apostando em uma dissidência que fizesse de Paulo Roberto Leite de Arruda uma possibilidade plausível para a Prefeitura de Vitória de Santo Antão em 2012, noto - pelo menos por enquanto - esvair-se tal conjetura dele, minha e de muitos outros vitorienses que gostariam de ver os destinos da Terra de Mariana Amália por outro nome - que não Elias, tampouco Aglaílson - sendo governados.

domingo, 4 de outubro de 2009

A vitória de Vettel coloca aquilo que era de Rubinho bem ali... no colo de Button

Foto: Franck Robichon / EFE

Além de encostar bem atrás de Barrichello, o piloto alemão deu mais outra estocada no brasileiro, lá em Suzuka - no Japão. Gritou, de sua Bugati que se o condutor da Brawn quiser alguma coisa terá que pegar no colo de Jason Button. É que neste domingo, com a vitória de Vettel, o título de F1 caiu bem naquela região perigosa do inglês.

Barrichello disse que iria pensar no caso, uma vez que o seu principal concorrente (Jason) contabiliza 85 pontos, e ele, Rubinho, mantem-se dele a 14 'jardas' de distância. Já Sebastian Vettel, o diabo loiro da Red Bull, também começa a dar sustos. O 1º lugar no pódio da pista nipônica, nesta madrugada, possibilitou ao piloto alcançar - sem cerimônias - um meia-nove.

Éh..., após a demonstração dos escores, Barrichello encontra-se, como sempre, em meio a um dilema ético: pegar aquilo que tanto deseja, e que está no colo de Button, ou deixar Vettel ali... a dois passos, bem atrás dele, doido e esfomeado, fungando o seu cangote. Parecidíssimo com aquele ditado: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Restando, apenas, agora 2 Grandes Prêmios, confira a classificação do Campeonato Mundial de F1, versão 2009:

+ Jason Button (ING) - 85 pts;
+ Rubens Barrichello (BRA) - 71 pts;
+ Sebastien Vettel (ALE) - 69 pts.

sábado, 3 de outubro de 2009

Tucumán chora a morte e o silêncio da argentina Haydé Mercedes Sosa

Foto: Reprodução

"Graças a vida que me deu tanto! Me deu o coração que agita seu marco, quando olho o fruto do cérebro humano, quando olho o bem tão longe do mal, quando olho o fundo de seus olhos claros."

Mercedes Sosa

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A cidade que seduziu na noite de Copenhague

Filme Rio 2016 produzido pelo Comitê Olímpico Brasileiro


O vídeo do cineasta Fernando Meireles procurou traduzir a beleza de um Rio sem maquiagens, aliás, o que já é a marca de seu estilo. Vale a pena conferir!


Rio 2016 com a bênção e a mão de Lula

Foto: Reuters

Após parafrasear Obama com o seu Yes, we can! e fazer afago no primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, Lulinha comemora a inédita escolha do Comitê Olímpico Internacional (COI) de trazer para a América do Sul os jogos olímpicos de 2016.

A Cidade Maravilhosa será palco do maior evento esportivo do globo. Investimentos em infraestrutura serão o principal legado das Olimpíadas, não apenas para os cariocas, mas também para o Brasil que já ensaia a Copa de 2014.

Agora é torcer para que os verdadeiros vencedores não sejam os empreiteiros com suas obras superfaturadas, tampouco nossos políticos desonestos, salafrários, mestres e doutores em roubalheiras, desvios de recursos públicos e maracutaias.

Muito zen: mundo raimundo na Bienal

Foto: Reprodução

Com o tema “Literatura do princípio ao fim”, a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco chega a sua 7ª edição. Entre os dias 02 e 12 de outubro, o pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda (PE), volta a ser palco das discussões e debates que fomentam a feira literária, considerada a 3ª maior do Brasil, atrás apenas do Rio e São Paulo. Promovido pela Cia de Eventos, o evento deste ano ganhou mais um dia. O Dia das Crianças foi estrategicamente incorporado, uma vez que aproximar a juventude dos livros é um dos principais objetivos dos organizadores. O escritor Raimundo Carrero e o jornalista Evaldo Costa são os homenageados. O cubano Pedro Juan Gutiérrez aparece como principal atração.


Em 11 dias de feira, a expectativa é superar os números das últimas edições e congregar um público acima dos 550 mil registrados na bienal passada. Com curadoria do jornalista e escritor Homero Fonseca e do poeta, tradutor e ensaísta Delmo Montenegro, a programação promete oficinas literárias, apresentações teatrais, interpretação textual, palestras, debates, entrevistas e bate-papos acerca das produções literárias. E as novidades não param por aí. Também já está sendo estudada a possibilidade de criar um espaço batizado de Cine São Luiz, onde serão oferecidas mostras de filmes clássicos, sobretudo infantis. A ideia é elaborar uma programação especial para as crianças na perspectiva de formar os futuros leitores.


O grande objetivo da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco é fazer uma grande celebração em torno de um produto nobre como é o livro, que sempre agrega valor e estimula a capacidade criativa das pessoas. Por isso, existe uma preocupação da organização em sempre abrir espaço para editoras ainda de pouca visibilidade, possibilitando uma maior diversidade na oferta de títulos. A idéia é apresentar livros que não são achados na maioria das livrarias. E sempre com o cuidado de viabilizar estas ofertas com preços acessíveis. O evento conta com apoio da Câmara Brasileira do Livro, Governo do Estado de Pernambuco e Prefeitura do Recife. Escolas devem agendar visitas com Adelma Félix no telefone (81) 3231-5196.

Terse: VII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Enem: a crônica de uma fraude anunciada

Ministro Fernando Haddad se desculpa pelos transtornos

A jornalista Renata Cafardo, de O Estado de S. Paulo, prestou relevante serviço ao denunciar a fraude do caso Enem. Entretanto, nós - professores - perguntavamo-nos sempre sobre a eficácia e o sigilo desse processo. Não se constituiu em novidade o furo de Cafardo. Um exame de proporções gigantescas, feito nas coxas - só podia dar com os burros n'água.

Às vezes, até penso que foi intencional. Bem... mas logo pondero e percebo que não seria inteligente torrar R$ 35 milhões assim... como quem masca chiclete.

Tenho, no entanto, algo simpático a dizer: terei mais tempo para trabalhar com os meus alunos os pontos a serem cobrados, em Literatura, especialmente. O Enem, agora simulado, mostrou-se uma prova de nível acessível e mais fácil que a primeira fase. Os enunciados não remetem diretamente aos estilos literários. Há exigência mais de análise e de compreensão.

O Exame Nacional de Ensino Médio 2009 se revelou fácil em demasia, porque aborda apenas o conhecimento geral. Para alguém que pretende ingressar no curso de Letras, por exemplo, não é suficiente. Em provas anteriores do Enem, notei maior cobrança. Todavia, o decoreba oferece lugar à interpretação, embora isso não seja suficiente para uma avaliação de historiografia e leitura literária que se preze. Esperava mais!