O município de Vitória de Santo Antão, a 51 km do Recife, tem pouco mais de 90 mil eleitores e, de olho neles, algumas dezenas de candidatos que concorrem a uma vaga para a Assembleia Legislativa do Estado. Contudo, a maioria desses votos tendem a migrar para as duas candidaturas que, já há algumas legislaturas, polarizam a disputa para a Alepe: Henrique Queiroz Costa (PR) e Aglaílson Querálvares Jr. (PSB).
Embora tenha aberto suas bases eleitorais, o atual prefeito da cidade, Elias Lira (DEM), oficialmente apoia o candidato do Partido da República. Por sua vez, o socialista - líder do PSB na Assembleia - conta com o carisma de seu pai - o ex-prefeito José Aglaílson (PSDB), somado à estreita ligação que mantém com Ana Arraes (PSB) - deputada federal que busca a re-eleição, e que é mãe do governador Eduardo Campos.
Deste bolo, beliscam fatias - ainda - o médico e ex-vereador Edvaldo Bione (PHS), a advogada e filha do vice-governador - Raquel Lyra (PSB), o empresário Joelzinho da Pitú (PMN), o administrador Gustavo Negromonte (PMDB), sem falar na plêiade de postulantes evangélicos que - invariavelmente - surgem como surpresa para minar a hegemonia de nomes, reconhecidamente, tarimbados.
O 'dotô' Bione
Oficiosamente, comenta-se que, na atual conjuntura, Edvaldo Bione - candidato que não obteve êxito das vezes em que concorreu como vice, tanto na chapa de Elias (em 2006), como na do socialista Dedé, o Demétrius Lisboa (apoiado por Aglaílson pai, no pleito último) - conseguiria, apesar dos recentes percalços, de 7 a 10 mil votos. Sua relação forte com parcelas pobres da população, conquistada em anos de prática médica, garantir-lhe-ia tais dividendos. Comunicativo e bem articulado, Bione goza de empatia e será o herdeiro natural de eleitores que não desejam Aglaílson, tampouco Henrique. O seu jingle já sugere isso.
Palanque de Henrique é, ainda, o muro
Henrique - um decano do legislativo que segue ao seu 9º mandato - não terá, contudo, uma eleição (em Vitória) tão fácil e nos moldes que ele próprio projetara há 2 anos (quando da aliança para vencer com seu filho [vice] na chapa de Elias - prefeito). É que o democrata, ao permitir que alguns de seus mais atuantes secretários - como é o caso de Paulo Roberto (Cultura, Turismo e Esportes) - rumasse a outros caminhos, acabou por desmoronar a ideia de exclusividade do deputado verde, que, acredita-se, não alcançará 15 mil votos. Sua posição é esdrúxula, dúbia e confunde o eleitor mais atento: é da base do governo, mas vive abraçado com a oposição.
Aglaílson Jr., - majoritário?!
A favor de Aglaílson Jr., contaria o fato dele ser do partido do governador; mais que isso: é - de fato e de direito - o candidato de Eduardo no município. O neto de Arraes, assim como o presidente Lula, desfruta de alta popularidade no Estado. Júnior aproveita-se também do alto índice de rejeição que sofre o prefeito Elias - nesses 2 primeiros anos a frente do executivo municipal. Logo ele, que - em tese - é o cabo eleitoral mais importante de Henrique - na cidade. Entretanto, paradoxalmente, Elias tem feito, até aqui, muito pouco em favor do 'aliado'. Com isso, caso Aglaílson Jr., - o filho e herdeiro político de 'Zé do Povo' ultrapasse os 20 mil votos, não se constituirá em nenhuma surpresa.