sábado, 9 de outubro de 2010

Por que sou Serra?


Pessoalmente, não nutro nenhuma simpatia pelo pastor Silas Malafaia. Para mim, é performático e cafona.

Quero dizer também que sou favorável a descriminalização do aborto (para os casos já previstos em lei). Quem me acompanha por este blog sabe das críticas (recomendo acessá-las no histórico) - duras - que fiz a D. José Cardoso Sobrinho, à época da menina de 9 anos, grávida de gêmeos e excomungada pelo arcebispo.

Sustento a tese de que dogmas e preceitos religiosos não devam se intrometer em casos de saúde.

Reitero aqui - também - a minha concordância com a união civil entre homossexuais. Sinceramente, penso que em um país preconceituoso e conservador como o nosso, é preciso pôr em vigência políticas afirmativas que assegurem o direito à liberdade.

Sendo assim, nestes casos, caminho lado a lado com o que pensa, ou pelo menos com aquilo que até pouco tempo pensava a candidata Dilma.

Digo pensava, porque a pupila de Lula, ao ver votos certos se diluirem a cada pesquisa, apresentou-se despossuída de convicção própria, demonstrou não ter personalidade e, simplesmente, apresentou-se incapaz de sustentar sua palavra e até de defendê-la.

O discurso de Malafaia não me convence pelo seu fundamentalismo, mas por algo que considero fundamental: a coerência que faltou a Dilma.

Por isso, certifiquei-me de uma coisa: não é a senhora Rousseff que desejo ver na presidência.

Se é para guardar o lugar do sr. Luiz Inácio Lula da Silva até o pleito de 2014, por que não o Serra?

É que me repugna sustentar aloprados e me dói oferecer guarida à máquina partidária petista - tão apegada às bolsas-emprego.

Não, não, não!

Não serei um eleitor alienado que se deixará vencer pelo carisma populista de um presidente que acostumou-se a desmoralizar as instituições e a jogar o lixo para debaixo do tapete em nome da tal 'governabilidade'.

É preciso que cada um de nós, de forma refletida, entendamos que o rumo dado a este país não tem mais volta, seja Dilma, ou Serra o presidente.

Conquistamos estabilidade com Itamar e FHC; com Lula, altivez e poder de compra. Portanto, esta não é uma conquista de um homem apenas, mas de todos os brasileiros.

O próximo governante deverá, portanto, aninhavar políticas públicas que fortaleçam o sistema educacional e regulem, com transparência, os investimentos nele - já há algum tempo - aplicados. Inviabilizando os engodos.

O clichê que diz que 'só pela educação é que construiremos uma nação verdadeiramente forte' nunca antes na história desse país esteve tão em voga.

Não dá para governar um país como o Brasil na base do controle remoto.

É preciso mais que isso. Faz-se necessário semearmos em cada brasileiro, seja ele rico ou pobre, o espírito crítico do ser cidadão e aproximá-lo das instâncias que decidem os rumos que aguarda esse país. E isso, só através da EDUCAÇÃO.

É nisto que acredito.

9 comentários:

  1. Marcelo, em relação ao acontecimento da menina estuprada de nove anos de idade, a Igreja é soberana na opinião que ela profere, mas isso não quer dizer que, depois tantos séculos, a regra precisa ser respeitada. E a vida da menina, não vale nada??? E sobre esse segundo turno, Dilma não tem um preparo nem firmeza para assumir tal cargo. Não é muito bom se eleger apenas pela base do partido da situação e da popularidade do atual Presidente. O Serra tem mais experiência administrativa. Muitos eleitores têm medo de perder a "bolsa", caso ele vença. A bolsa é um direito e ao mesmo tempo é inútil para aqueles que vivem só dela e por isso privam de procurar trabalho. Em relação à educação, você mesmo já sabe. Os números bastam para avaliar o nível e qualidade da educação. A exemplo de um jogador de futebol, ele faz o que gosta e o que sabe fazer. Nem todos sabem ou gostam de estudar. Não adianta apenas "aprisionar" o garoto ou garota numa escola para garantir seu futuro. Só quem vive na educação entende isso. A mudança (reforma) na educação é algo muito sensível e não traria bons resultados (números) para o governo se fosse realmente direcionada a quem estuda. É muito mais simples formar "operários" que saibam apenas fazer aquelas atividades do que formar cabeças pensantes e críticas. É por isso que quem está na Educação sofre com salários baixos...

    Ótimo post, Marcelo...

    ResponderExcluir
  2. Faço minhas as suas palavras quanto ao aborto. No dia em que a religião não interferir nas questões que diz respeito ao Estado, certamente evoluiremos nesses assuntos polêmicos. Como seria se o estado começasse a interferir em assuntos religiosos?

    Quanto a Dilma, esta não teve meu voto no primeiro turno e não terá no segundo. Votei em Marina, devido a sua visão quanto ao meio ambiente, que para o atual governo essa questão ecológica é um entrave para o "progresso desenvolvimentista".

    Parabéns pelo artigo. Muito coerente.

    ResponderExcluir
  3. Eu não preciso falar nada, mas vou: #DilmaNão, falei.

    ResponderExcluir
  4. Iraponan Arruda coordenador da Mvimento estadual contra o abortoterça-feira, outubro 12, 2010 10:12:00 AM

    Meus nobres irmãos, segue um site chocante. Novo material sobre a miséria do abortamento legal.
    A pergunta que tenho feito nos ultimos dias é: Quanto vale a vida de um filho?

    http://www.abortioninstruments.com/

    ResponderExcluir
  5. Querido Marcelo sugiro uma melhor reflexão sobre o que entende sobre políticas afirmativas, pois o que está em jogo é um projeto de humanidade, ou melhor, da preservação da mesma;
    sobre não ser contra o aborto é sinônimo de não ter noção do respeito a vida de um ser humano em sua fase embrionária (indefesa e inocente), achar ser normal e valoroso decepar o corpo de um bebê , é no mínimo esquizofrênico.

    ResponderExcluir
  6. Caro Iraponan Arruda,

    Admiro a sua luta em defesa da vida à frente do Movimento Estadual contra o Aborto, em nosso Estado. Não imagine você, que penso diferente. Entretanto, apenas defendo que - nos casos já previstos em lei - o aborto não seja visto como um crime capaz de marginalizar alguém que sofreu violência sexual ou que, por outras razões, tenha a própria vida ameaçada.

    Sendo assim, ratifico a minha defesa em descriminalizar algo que, definitamente, apesar de lamentável e triste, não pode ser tipificado como crime. Por outro lado, quem pratica o aborto por pura irresponsabilidade, precisa - antes de qualquer coisa - submeter-se a um tratamento e a uma ação sócio-educativa. Pois, é inconcebível que uma mãe assim proceda.

    Estendo esse comentário ao amigo leitor Manoel Carlos (inclusive, no caso das políticas afirmativas, no que se refere à liberdade da união civil entre iguais) e a quem mais interessar.

    É o que penso.

    Marcelo De Marco

    ResponderExcluir
  7. Interessante como essas questões: Aborto e Homosexualidade, estão tão em alta no momento.
    Sabemos que são questões que nos remetem à tempos passados.
    No meu ponto de vista, descriminalização do aborto ou o que diz respeito a LIBERDADE ( nesse caso me refiro à liberdade do homossexualismo ) estão mais em voga que programas de políticas públicas, o que realmente interessa ao brasileiro.
    Movimentos Pró-aborto e contra-aborto, vão "eternamente" mostrarem suas razões. Não estou querendo enfocar meu ponto de vista em relação ao aborto. Trabalho na área de saúde e toda semana, exatamente toda semana, vejo casos de tentativas de abortos, abortos mal sucedidos ou abortos clandestinos.
    Isso em todos níveis sociais.
    Sei por exemplo de uma "mocinha" que junto com o namorado pagou 2 mil reais em uma clínica clandestina na Capital,
    em contra-partida sei de outras que fazem chás de maconha pra abortar, outras compram "remédios" em farmácias da cidade...
    O aborto é uma questão pessoal, existem mulheres, jovens, adolescentes que jamais cometeriam um Aborto em qualquer circunstância. Outras muito bem casadas preferem abortar. O fato é que, quem quer fazer um aborto FAZ E PRONTO !!!!
    E isso independe de idade, posição social, grau de instrução ou "dogma" religioso.
    Temos tantos exemplos de mulheres estrupadas, com bebês apresentando malformação congênita que teriam o direito de abortar e recusam.
    É uma questão pessoal, não uma questão política. Sempre vai existir o aborto, quer o estado o descriminalize ou não.
    Quanto ao homossexualismo... existiu, existe e sempre existirá...
    Com tanta gente passando fome (ainda) tanta gente mal educada as pessoas brigam pelo direito do cidadão dar o que é seu a quem lhe convém ????
    EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA SÃO A PRIORIDADE !!!!!
    Afinal de contas elegemos DEPUTADOS FEDERAIS para principalmente "ELABORAR AS LEIS e fiscalizar a aplicação do dinheiro público".
    Feliz é a Nação cujo Deus é o Senhor... SL 33:12
    No final cada um dará conta de si a DEUS não ao Presidente !!!!!
    Parabéns pelo texto querido, vc sabe em quem eu voto. rsrsr
    Beijo

    A Vizinha

    ResponderExcluir
  8. É lamentável a visão ultra equivocada de Marcelo, como professor e formador de opinião.
    Justificar o voto em Serra por questões meramente generalizadas, que não compete a presidência da República, é claramente um grande sinal de míopia política.
    Sobretudo, comprova mais uma vez o voto oportunista que ele exerce. Votou em Aglailson Junior pra deputado e agora é defensor do cara do capital internacional - José Serra.

    Pela continuidade do projeto político que vem dando certo!
    Dilma 13!

    ResponderExcluir
  9. Olhe, Hélton!

    Gosto de suas contribuições aqui. Por isso, para a sua alegria, direi que seu poder de vidência capengou. No entanto, digamos que eu votei em que você acha que votei. Pense um pouco! Seria mesmo coerente votar em Serra agora? Onde está o oportunismo?

    Você tem mesmo certeza de que era isso que você queria escrever?

    Hélton, Hélton... o silêncio da urna é o espaço em que a democracia reina soberana.

    Sim... parabéns pela sua candidata! (Aliás, ela reproduz - na política - algo que aqui no blog eu já disse que pouco simpatizo: o filhotismo. Mais uma vez ratifico).

    Um grande e democrático abraço!

    Marcelo De Marco

    ResponderExcluir