segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O dia de finados em Vitória e o tão desejado turismo histórico no São Sebastião

Que o cemitério da Normandia sirva de modelo ao São Sebastião


Michelangelo - mestre do Renascimento italiano - certa vez, ao andar seguido por seus alunos pelas ruas de Roma, e passando por um escombro, parou e lhes disse:


- Vejam, ali se encontra um anjo!


Os discípulos atônitos por nada verem, perguntaram ao gênio renascentista onde ele estava vendo a tal figura. Michelangelo respondeu dizendo:


- Vejo-o aprisionado naquele pedaço de mármore jogado fora. Basta tirar da pedra o excesso que ele aparecerá. Entusiasmados com a ideia, os alunos o ajudaram a levar a pedra para o ateliê e o viram trabalhando intensamente por alguns dias. Ao final, lá estava o anjo.


Se a história é verdadeira ou não, pouco importa. O que importa é a lição que ela nos traz: Conforme o filósofo Homero Reis, a beleza se esconde. Para tê-la é necessário arte, e arte é o que sustenta a vida. Transformar tudo em beleza é o desafio da competência.


Sendo assim, gostaria de sugerir ao prefeito da minha cidade - e o mesmo vale para os seus secretários de obras e turismo - alguns "parcos" cuidados:


1º) Sem essa, brother, de utilizar maquilagem para esconder as ruínas do São Sebastião. A tinta, quando já não fresca, revela descaso e compromisso nenhum com a história dos nossos antigos moradores - que em restos de esqueletos quebrados, lá ainda residem.


2º) A promoção de um plano para restaurar, reconstruir e, por que não, edificar um cemitério ecológico, limpo e que sirva de espaço para a memória dos vitorienses; não de habitat para ratos e baratas, tampouco como campo de incineração de ossos.


Bem, escolhi esta data para dizer ao sr. Elias Alves de Lira - que é quem dita as regras neste verdadeiro cemitério de navios - que não basta usar o martelo, o cinzel e a força para desbastar mármores. Faz-se necessário construir políticas que privilegiem, sobretudo, a inteligência.


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