Foto: Sean Dempsey/AP
Kanavillil Rajagopalan – professor de Semântica e Pragmática da Unicamp, costuma dizer que 'designar' e 'caracterizar' são ações indissociáveis, uma vez que a gramática tradicional prega a necessidade de identificar primeiro o sujeito da frase para em seguida predicá-lo. RAJA, como é mais popularmente chamado no meio acadêmico, serve-se, enfim, de exemplo trazido da sintaxe, para apoiar o seu argumento, constituído em amostras por vezes metonímicas, para afirmar ser preciso, primeiro, nomear, para então dizer algo a respeito do objeto no mundo assim designado.
Apoiando-me nos argumentos do indiano, em minhas peripécias – neste campo de estudo da linguagem – busquei lançar um olhar crítico sobre os processos de nomeação impressos pela mídia, refletindo a respeito do discurso jornalístico que, carregado de ideologias discutíveis, tomam partido ao dar uma notícia, caminhando, portanto, na contramão do direito lingüístico e dos princípios éticos que nada têm a ver com generalizações, ideias estereotipadas e tendenciosas.
Medito, então, sobre a necessidade de uma mídia isenta e mais responsável, procurando – no entanto – o nascedouro desse caos da comunicação e da linguagem.
De acordo com o linguista e ativista norte-americano Noam Chomsky, a escola deve começar a oferecer o exemplo para que o eco de sua voz provoque a reflexão e o exercício da ética. Transformar atitudes e burilar condutas não é tarefa fácil e que se proceda em um estalar de dedos, também não deve ser feito de maneira unilateral, porque ensinar exige, segundo Paulo Freire – em sua Pedagogia da Autonomia, disponibilidade para o diálogo. Para ele, o indivíduo que se abre para o mundo e aos outros introduz com seu gesto uma relação dialógica, relação essa, infelizmente, cada vez mais apagada em nossas carteiras escolares.
Por esta razão, é que temos redações abarrotadas de prostitutos da comunicação midiática. A política e o esporte são terrenos férteis que abrigam "profissionais" da linguagem sempre a serviço de interesses pouco republicanos. Chamam Ronaldo Fenômeno – quando sabemos que ele não é tão fenômeno assim. Barack Obama agora personificou-se em messias no dizer da imprensa global. Osama Bin Laden era, a pouco tempo, para nós ocidentais, sinônimo de terror, enquanto para milhares de mulçumanos ele representa Alá com seu poder e justiça.
O texto jornalístico – em grande parte – parece mais uma peça de folclore; deixou, portanto, de assumir as suas reais prerrogativas. No entanto, embalado nesse espírito, para não destoar, até que considero fascinante – para não dizer tentadora – essa possibilidade da escrita, desde que utilizada criativamente e para fins que se distancie da predatória lógica jornalística que tem a comunicação como instrumento para formar opiniões equivocadas e influenciar dolosamente cabeças vazias.
E já que não falei em samba, devo ao menos – ao assumir o compromisso de incorporar designações ao texto – de concluí-lo falando em futebol para dizer que, Garrincha – O anjo das pernas tortas; Nilton Santos – A enciclopédia; o Rei Pelé; Jairzinho – O furacão; Ademir da Guia – O divino; Rivelino – Patada atômica; Zico – Galinho de Quintino; Roberto Dinamite; Dadá Maravilha, Edmundo – O animal; Romário – O gênio da pequena área, entre tantos outros belos jogadores, poderiam formar um time imbatível, seja pela sofisticação e técnica, seja pela alegria e futebol mitológico que convenceram milhares a amar esse esporte.
Mas os tempos são outros, e não há dúvida de que ao lado de Adriano, Kaká e Ronaldinho Gaúcho a bola da vez é Robinho – O estuprador. E nem pensem que aqui é uma alusão maldosa ao escândalo recente com a jovem inglesa em boate de Leeds. Refiro-me mesmo é ao menino da Vila, sacudindo o esqueleto, defenestrando a defesa itálica, chamando Pirlo e Zambrotta para dançar, desvirginando espaços, levando ao êxtase, encaçapando, entrando com bola e tudo.
Robinho acusado de estupro contra uma estudante de 18 anos em uma famosa casa noturna na região de Leeds, uma REALIADE ou uma FICÇÃO ?????? se REALIDADE, o que nos falta esperar mais do nosso timão ou seja da nossa SELEÇÃO BRASILEIRA????????????? eis uma Perguntaa!!!!!!!!!!!
ResponderExcluiressa materia ficou otima adorei
ResponderExcluirmuito otima essa materia
ResponderExcluirAss: mirella kamila
Pois é Marcelo, infelizmente as coisas são díspares no que concerne a o ideal de uma imprensa preocupada em noticiar os fatos e os administradores dessas "empresas" construtoras de notícia! Será Robinho culpado ou inocente? Realmente isso não tem a mínima importância. O que importa é verder essa bola da vez, atingir metas, ganhar dinheiro...
ResponderExcluirpois e professor e uma realidade jogadores de futebol estrupando garotas em boates famosas inglesas e isso que falta no brasil hoje em dia:dignidade.
ResponderExcluirulysses pereira 6B gge1
Adorei a postagem. Sorte a sua de ter aulas com o mestre Raja, a mente por trás das mentes com seus estudos sobre a Pragmática Cultural. Aqui em Fortaleza ele é muitoooo respeitado. Espero vê-lo novamente. E seus discípulos também! ^ ^
ResponderExcluirAbraço :D