Foto: Marcelo De Marco
Senhores! Venho aqui – agora – solidarizar-me e emprestar palavras: a vida não tem sido fácil. Mas quero dizer que, apesar do clima agreste, ainda reside beleza nas cores e o pouco orvalho que cai sobre o campo haverá, com o tempo, de dar brilho às flores – que insossas e desbotadas – passeiam mudas, tristes, arrependidas pelos cantos à procura de migalhas, em busca de um sereno noturno que as pegue. Coitadas!
É que as educaram assim. O antigo ‘dono’ – jardineiro descuidado – aguou-as, pôs húmus, mas não podou os ramos, não desbastou os galhos. Preocupava-se apenas em dizer que tinha um jardim. Jardim de flores vira-latas, flores sem perfume! E quase sempre é assim. Até que vem outro, observa o espaço cultivado e as arranca para dar lugar a plantas, igualmente cães e inodoras, que ele orgulhoso dirá: – fui eu quem plantou!
E entre desplantes, os restos de ramos das tais flores vão fincando os pés nas trincas do meio-fio – fazendo diagramas no chão a todo custo: traçados mirabolantes, arrebentando as calçadas construídas a tanto custo de suor, sol e umidade.
(Plantas moribundas! Não tens o que fazer?)
Mas aí, já época de colheita, o novo jardineiro – agora florista – para ornar sua floresta emprega até papoula, taioba, bananeira, enxertes de erva daninha e capim. Com eles enfeita as salas e as casas, paços e galerias oficiais da cidade. Decora gabinetes e repartições. Transforma-se artista em cultivar raízes, caules, folhas, flores (mesmo as mais definhadas!), pássaros, ovos, tudo. Tudo ele aproveita com afeição e idolatria. É um amor!
Mais tarde, quando terminada a exibição, não restarão bonsais, amostras de lírios, tampouco exemplares do orquidário. Recolher-se-á até moldura de quadro com esboço de planta. Na floricultura não haverá mais nada, nem um vaso molhado para nutrir talos, para alimentar troncos; também não estarão lá as caqueras que sustentaram as hastes, durante a exposição, como se fora um ninho.
Tudo que fora construído e plantado com tanto trabalho – como de hábito, meu Deus! – é, com naturalidade arrancado, esputado, regurgitado, destrutivamente arado. E todos, conformados (alguns vendidos, outros à venda – prestes a serem comprados) dizem: – Besteira! – É assim mesmo! – Na próxima tem mais!
E assim não aproveitam nada. Não tiram lição de nada. Já não se lembram de nada. Sequer assentam uma muda de ideologia no quintal de casa. Não fazem nada para mudar. Não desejam mudar. Preferem a letargia e o oportunismo, nessa dança descabida, a tempestades mais agudas.
Todos dormem pacientes.
E depois..., com o pires cheio de lágrimas fazem, cada um, a sua tempestadezinha: esmolando, aguando os cílios.
Embriagados de cantilenas ficam à procura de abrigo, de um porto seguro que ofereça cama, comida, roupa lavada e se possível um arbusto que lhe conceda sombra e água fresca para suster caprichos e conservar os mesmos modos. Para isso, repetem a costumeira, cretina e infalível fórmula da adulação, e como trepadeiras, apóiam-se – sonsos, sorrateiros, incompetentes – nos malditos galhos da árvore execrável do FISIOLOGISMO.
nem sei se meu comentário será aprovado pelo editor do blog, mas devo-lhe felicitações ,não pelos assuntos abordados em geral, senão pela objetividade, comprometimento social (que nem sempre é definido por posturas,ou iniciativa solucionadora)e afeto pela cidade que, ao igual que eu, o adotou,tal vez o senhor pecasse numa só paricularidade a informação não só deve ser atingivel pelos intelectuais, e vejamos um linguajar mais simples sem dúvida vc conseguirá atingir um publico que não sendo taõ letrado,consiga compartir suas idéias.um abraõ seu amigo e leitor TOBY
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